Quem tem boca nem sempre vai a Roma

27 out 2023, 16:39
Roger Schmidt no Benfica-FC Porto (José Sena Goulão/Lusa)

«DRIBLE DA VACA» - Opinião de Bruno Andrade

Roger Schmidt nunca foi um exímio comunicador. Sim, tem outras qualidades, mas é - e não é de hoje - um mero aprendiz numa disciplina dominada em Portugal pelos professores Sérgio Conceição e, especialmente, Ruben Amorim.

Criticar publicamente jogadores não é o problema. Muitas vezes a exposição no futebol é justa e até mesmo necessária, visto a sensibilidade exagerada e as regalias diversas que envolvem a profissão, sobretudo em alto nível.

Entretanto, é preciso saber criticar para então criticar. O alemão pisa em ovos ao abrir a boca. É demasiado simplista nas análises e, para piorar, ignora qualquer auto-avaliação. Erro crasso. Falar frequentemente em "nós" não resolve. Na verdade, esconde as próprias falhas.

O vestiário sente. Claro que sente. Sente, primeiramente, um técnico (merecidamente) campeão e muito bem pago ter sérias dificuldades em encontrar soluções táticas. Depois, quando confrontado sobre rendimento, seja coletivo ou individual, escorrega no discurso.

Usa chavões atrás de chavões. "Intensidade", "mentalidade, "falta de união" e "espírito" não explicam tudo. No máximo, reforçam a (minha) percepção de que alguns jogadores já não o enxergam como um bom líder.

Roger Schmidt não é o único culpado pelo fraco arranque de temporada. É hoje o principal, mas longe de ser o único. Estrutura e jogadores também têm culpa. Há lacunas no elenco, além de atletas em baixa forma (física, técnica e mental).  

Tampouco vejo um Benfica em crise. Falar agora em "crise" seria, como acontece frequentemente entre adeptos e boa parte da Comunicação Social, superdimensionar tudo o que acontece na Luz. De bom e de ruim.

Há, sim, um momento ruim. Uma fase delicada que, por enquanto, carece de maiores explicações e novas soluções, dentro e fora de campo, por parte dos maiores intervenientes. Falta futebol. Falta liderança. Falta também comunicar melhor.

*Bruno Andrade escreve a sua opinião em Português do Brasil

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