Forças de Defesa de Israel negaram as acusações
Peritos das Nações Unidas apelaram a uma investigação sobre o que qualificaram de "alegações credíveis de violações flagrantes dos direitos humanos" contra mulheres e raparigas palestinianas em Gaza e na Cisjordânia por parte das forças israelitas.
As alegações incluem execuções extrajudiciais, detenções arbitrárias, tratamento degradante, violação e violência sexual, de acordo com uma declaração do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos divulgada na segunda-feira. O comunicado não detalha como foi feita a investigação, mas refere-se a fotografias de mulheres detidas em circunstâncias degradantes, alegadamente tiradas pelas tropas israelitas e colocadas online.
As Forças de Defesa de Israel (IDF) negaram as acusações e afirmaram que respeitam o direito internacional. "Sem pormenores precisos ou provas de casos individuais, não nos é possível examinar os casos em profundidade", declarou a IDF em comunicado enviado à CNN.
A missão de Israel junto da ONU em Genebra também afirmou que "rejeita veementemente" aquilo a que chamou "alegações desprezíveis e infundadas" do grupo de peritos da ONU.
Israel continua pronto para investigar quaisquer alegações concretas de má conduta por parte das suas forças de segurança, quando lhe forem apresentadas alegações e provas credíveis.
O gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, referiu a declaração israelita quando a CNN solicitou uma resposta ao pedido dos peritos da ONU para que fosse realizada uma investigação independente sobre as alegações.
Os peritos, que fazem parte do maior organismo de investigação e controlo independente do sistema de direitos humanos da ONU, manifestaram a sua preocupação com a "detenção arbitrária" de centenas de mulheres e raparigas palestinianas desde os ataques do Hamas de 7 de outubro.
"Muitas [mulheres e raparigas palestinianas] terão sido sujeitas a tratamentos desumanos e degradantes, tendo-lhes sido negados pensos higiénicos, alimentos e medicamentos, e foram severamente espancadas", refere o comunicado. "Em pelo menos uma ocasião, as mulheres palestinianas detidas em Gaza foram alegadamente mantidas numa jaula à chuva e ao frio, sem comida."
Os peritos da ONU disseram ainda que estavam preocupados com os relatos de "múltiplas formas de agressão sexual" contra mulheres e raparigas palestinianas detidas, incluindo "serem despidas e revistadas por oficiais do exército israelita".
"Pelo menos duas mulheres palestinianas detidas terão sido violadas e outras terão sido ameaçadas de violação e violência sexual", acrescenta o comunicado, apelando a Israel para que defenda os direitos e a dignidade das mulheres e raparigas palestinianas.
A CNN não conseguiu verificar as alegações de forma independente.
A ONU e as organizações de direitos humanos foram criticadas por terem demorado a denunciar os relatos de violação e mutilação contra israelitas - na sua maioria raparigas e mulheres, mas também homens - por combatentes do Hamas a 7 de outubro.
Em dezembro, a agência da ONU Mulheres emitiu uma declaração em que condenava os ataques, afirmando estar "alarmada com os numerosos relatos de atrocidades baseadas no género e de violência sexual durante esses ataques".
A CNN já tinha noticiado anteriormente o testemunho de uma sobrevivente do festival de música Nova, no deserto do sul de Israel, que descrevia a violência sexual dos combatentes do Hamas contra as mulheres israelitas.
Em resposta ao pedido de investigação dos peritos da ONU, Israel voltou a acusar a ONU de manter o "silêncio sobre a horrível violência sexual e a violência baseada no género perpetrada pelo Hamas a partir de 7 de outubro".