Ondas de calor em Portugal vão mais do que duplicar até ao final do século

17 ago 2023, 21:55

Sem travagem nos gases com efeitos de estufa que agravam as alterações climáticas, Portugal arrisca-se mesmo a ter seis vezes mais ondas de calor do que no passado

As ondas de calor em Portugal vão mais do que duplicar até ao final do século. A previsão está num estudo feito por três investigadoras da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (Rita Cardoso, Daniela Lima e Pedro Soares) que olharam para o impacto das alterações climáticas no país.  

Os períodos de calor extremo vão ser não apenas cada vez mais frequentes, mas também cada vez mais longos, incluindo fora dos meses de verão. 

O artigo “How persistent and hazardous will extreme temperature events become in a warming Portugal?”, publicado recentemente na revista científica “Weather and Climate Extremes”, faz um retrato que os próprios autores consideram “preocupantes” para o futuro, como refere Rita Cardoso à TVI/CNN Portugal.

A investigadora sublinha que estamos a falar de fenómenos extremos que costumavam ser raros, mas que vão ser cada vez mais comuns. 

O trabalho indica que, por norma, Portugal costumava ter uma a duas ondas de calor por ano, mas no melhor cenário passará a ter três a quatro nas últimas três décadas deste século XXI.    

No pior cenário, se as emissões de gases com efeitos de estufa não forem travadas, as ondas de calor arriscam-se a ser 10 a 12 por ano. 

Além de mais comuns, as ondas de calor também vão ser mais longas com durações médias de 7 a 8 dias no melhor cenário ou 10 a 11 dias nas previsões mais negativas. 

Em todo o mundo, ondas de calor estão normalmente associadas a mais mortalidade, algo que leva o estudo a alertar para os previsíveis aumentos, em paralelo, do número de vítimas mortais e dos problemas de saúde graves nestes períodos mais quentes. 

Em 2022, por exemplo, as ondas de calor provocaram 61 mil mortes na Europa e mais de duas mil aconteceram em Portugal. 

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