Novobanco avança com quatro ações em tribunal para executar 11 milhões à Reditus

ECO - Parceiro CNN Portugal , Alberto Teixeira
21 dez 2023, 07:25
novobanco

Reditus não presta contas desde 2022. Atraso no repatriamento de divisas em Angola e elevado endividamento ameaçam continuidade do grupo. Novobanco avançou para tribunal para recuperar 11 milhões

Sem apresentar contas desde 2022, a empresa ligada à área de informação e tecnologia Reditus enfrenta quatro ações de execução de dívidas do Novobanco no valor de 11 milhões de euros, de acordo com os processos que deram entrada esta semana no Tribunal da Comarca de Lisboa e consultados no Citius pelo ECO.

São várias as empresas do grupo que são visadas pelo banco liderado por Mark Bourke: a Reditus SGPS SA (holding de topo do grupo) e as empresas associadas Reditus Gestão SA, a All2it Infocomunicações e a Partblack, esta última adquirida em 2010 por 7,5 milhões de euros.

A maior das ações tem o valor de 7,6 milhões de euros e tem como alvos a casa-mãe Reditus SGPS, a Reditus Gestão SA e ainda a All2it Infocomunicações. As quatro ações deram entrada esta segunda e quarta-feira.

O ECO contactou o Novobanco sobre estes processos, mas não obteve uma reação até à publicação deste artigo.

Angola e elevado endividamento ameaçam grupo

A empresa liderada por José-Louis Pagés e José Costa Gatta, recém-nomeados CEO e chairman no início deste mês, tem adiado a publicação dos resultados de 2022 e 2023 (as contas do primeiro semestre também não foram divulgadas).

Em 2021, o último ano em que apresentou contas, a Reditus atingiu proveitos de 24,5 milhões de euros (75% no mercado português) e um resultado líquido de 2,66 milhões, mas já dava conta de vários riscos que colocavam em causa a continuidade do grupo, nomeadamente o “continuado atraso no repatriamento de divisas do mercado africano” (esperava receber 40 milhões de euros em 2022 e 2023), com impacto na liquidez de tesouraria do grupo, e ainda o elevado nível de endividamento bancário, “em processo de reestruturação avançado” e no âmbito do qual apontava para um perdão de mais de 80% (incluindo os que estavam previstos nos PER da Techinfor e GTO Consulting).

A estes problemas juntavam-se ainda contingências relacionadas processos de correções de IRC no total de cinco milhões de euros, acrescidos de 2,5 milhões de juros e custas, tudo contribuindo para agravar mais ainda a posição financeira deficitária da Reditus, com valores de capitais próprios e de fundo de maneio negativos, como sinalizou o auditor.

O relatório e contas desse ano também revelava que a Reditus era responsável solidária em vários financiamentos contraídos juntos do Novobanco pelas sociedades All2it Infocomunicações, Partblack e Reditus Gestão SA, que eram de 986 mil euros, 291 mil euros e 5,6 milhões respetivamente. São justamente estas as empresas que foram agora alvo das duas ações do banco.

Além disso, o grupo tinha vários empréstimos por saldar junto do Novobanco, totalizando os dez milhões de euros. Créditos estes que têm como garantia um penhor sobre ações da Reditus e ainda uma consignação de faturação de um cliente. O banco já tentou vender este crédito na carteira Harvey em 2021, mas o processo de venda foi travado pelo Fundo de Resolução.

BCP, Montepio e Abanca entre os credores

De acordo com a Reditus, o seu passivo corrente era constituído maioritariamente pelas rubricas de financiamentos bancários (34,5 milhões), Estado (37,2 milhões), que representam em conjunto cerca de 77% desse passivo.

Além do Novobanco, a Reditus contraiu empréstimos no Banco Montepio, com valores em dívida de 4,5 milhões de euros e 9,6 milhões (sendo que este último está englobado no plano PER da Techinfor). Devia ainda cerca de 370 mil euros ao Abanca e 19 milhões relativos a um empréstimo do BCP (cedido a entidade terceira do setor financeiro mediante a celebração de um “Credit Assignment Agreement” na data de 11 de janeiro de 2021).

A Reditus tem como principal acionista Miguel Pais do Amaral, que controla 25,6% do capital da empresa. A família Moreira Rato detém 10,12% e Daniel Bernardes Oleiro possui 6,05%. Quase 50% do capital está em bolsa.

Com 772 trabalhadores, a Reditus, fundada em 1966, disponibiliza serviços e soluções na área de consultoria e outsourcing em tecnologias da informação (IT) e BPO (business process outsourcing).

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