Ministro do Ambiente defende que neutralidade carbónica é impulso o país e que Portugal que não precisa de energia "nuclear para nada"
O ministro do Ambiente e da Ação Climática reiterou que a neutralidade carbónica é um impulso para a economia do país e defendeu que a Europa se deve manter “na linha da frente” do combate às alterações climáticas.
Na sessão de abertura da conferência "Transição Energética - As Políticas da Transição Energética e o seu Impacto na Economia”, que aconteceu esta sexta-feira, na Reitoria da Universidade do Porto, João Pedro Matos Fernandes frisou que “o futuro económico do país está intimamente ligado à transição energética”.
“O roteiro para a neutralidade carbónica explica que, nos três cenários avaliados, aquele que dá mais garantia de sermos neutros em carbono em 2050, é aquele em que a economia mais cresce”, referiu.
Apesar de esse crescimento “implicar mais consumo energético, mais mobilidade”, isso “preocupa”, mas “não assusta”, porque “essa mobilidade vai ter zero emissões, e o consumo energético pode ter zero emissões”.
A transição “implica um investimento extra de dois mil milhões de euros, e 85% desse investimento é das famílias e das empresas”, reiterou.
O titular da pasta do ambiente considera que, “se a Europa perdeu o caminho da frente em alguns dos ‘drivers’ de transformação da economia e da sociedade, como seja, por exemplo, a digitalização, (…) é mesmo no combate às alterações climáticas, que implica, essencialmente, investimento, que a Europa está na linha da frente do compromisso, do discurso e, já agora, da prática, e tem mesmo que assim se manter”.
Depois de elencar muito do que tem sido feito, Matos Fernandes apontou que se deve investir na produção de energia ‘offshore’, referindo que, com a larga costa do país, “é natural passar de uma lógica terrestre para a exploração de recursos costeiros e marítimos”, bem como no hidrogénio verde.
“Se queremos acelerar a transição energética e na descarbonização da economia já nesta década, Portugal tem de apostar na produção e incorporação de volumes crescentes de gases renováveis, como o hidrogénio verde, e deve promover uma substituição dos combustíveis fósseis mais intensa naqueles setores da economia em que a eletrificação poderá não ser a solução mais eficaz, ou que poderá não ser, sequer, tecnicamente fiável”, afirmou.
Respondendo a uma questão colocada pelo reitor da Universidade do Porto, o governante garantiu que “não precisamos de nuclear para nada e, de facto, não precisamos dos fósseis para coisa nenhuma”.
O reitor daquela instituição de ensino superior, António Sousa Pereira, realçou o “profundo impacto socioeconómico” da transição energética, “um processo indispensável para responder à emergência climática”.
Também o vice-presidente da Câmara Municipal do Porto, Filipe Araújo, vincou que “é fundamental que esta seja uma transição socialmente justa, equilibrada e que não deixe ninguém para trás”.