Como a Netflix se prepara para "cortar" a partilha de palavras-passe já nos próximos meses

26 jan 2023, 11:43
Netflix. OLIVIER DOULIERY/AFP/AFP via Getty Images

Os limites à partilha de palavras-passe da Netflix começaram a ser equacionados no ano passado, depois de as ações da empresa terem reportado a sua primeira quebra de subscritores em mais de uma década.

A partilha de palavras-passe da Netflix tal como a conhecemos tem os dias contados. A plataforma de 'streaming' vai começar a impor limites a esta prática já no primeiro trimestre deste ano, avança o The Guardian, que cita um comunicado aos investidores da empresa. O anúncio surge depois de a plataforma ter reportado mais de 7,7 milhões de subscritores no quarto trimestre de 2022 - um número que ficou acima da previsão de 4,5 milhões.

Isto significa que, nos próximos meses, vai deixar de ser possível aceder ao serviço de 'streaming' através da palavra-passe da conta de um amigo ou familiar com quem não co-habite - a não ser que pague uma taxa adicional nesse sentido.

"Embora os nossos termos de utilização limitem o acesso da Netflix a uma família, reconhecemos que isto representa uma mudança para membros que partilham as suas contas de forma mais ampla", escreveu a plataforma, num comunicado apresentado aos acionistas e citado pelo The Guardian.

"À medida que desenvolvemos a partilha paga, membros de vários países terão a opção de fazer o pagamento de uma taxa extra se quiserem partilhar a [sua palavra-passe da] Netflix com pessoas que não vivam na mesma casa. Tal como já acontece, todos os membros serão capazes de assistir [ao serviço de streaming] em viagem, seja na televisão ou num dispositivo móvel", lê-se no documento.

Estas medidas mais restritivas já foram implementadas no ano passado em países selecionados da América Latina, como a Costa Rica, Chile, Peru, Argentina, El Salvador, Guatemala, Honduras e República Dominicana. A avaliar pelos resultados nesses países, a empresa admite esperar uma reação negativa a curto prazo quando as medidas forem alargadas aos restantes países.

"À medida que trabalhamos nesta transição - e tendo em conta que alguns utilizadores que faziam proveito da partilha de palavras-passe deixaram de assistir [ao serviço de streaming] - o engagement a curto prazo (...) pode sofrer um impacto negativo", reconhece.

Mas o cenário pode mudar a médio ou longo prazo - pelo menos assim o espera a empresa: "Acreditamos que o padrão será semelhante ao que já assistimos na América Latina, com o engagement a crescer ao longo do tempo e à medida que continuamos a oferecer uma grande lista de programação, o que faz com que os utilizadores 'a empréstimo' adiram à plataforma."

Os limites à partilha de palavras-passe da Netflix começaram a ser equacionados no ano passado, depois de as ações da empresa terem reportado a sua primeira quebra de subscritores em mais de uma década. A plataforma apontou a partilha generalizada de palavras-passe como um fator prejudicial para as receitas. Desde então, a empresa tem vindo a testar a melhor forma de rentabilizar a partilha de contas, sem pôr em causa as receitas. 

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