Este navio de cruzeiro elétrico com velas solares gigantescas vai ser lançado em 2030 (e outros estão na forja – veja as imagens)

CNN , Nell Lewis
11 jun 2023, 09:00

Projetos de futuro para navegar nos oceanos.

A empresa de cruzeiros de aventura Hurtigruten Norway revelou esta quarta-feira planos para um navio de cruzeiro elétrico com emissões zero e velas retrácteis cobertas por painéis solares, que deverá zarpar em 2030.

A empresa tem atualmente uma frota de oito navios, cada um com capacidade para 500 passageiros, que percorrem a costa norueguesa desde Oslo até ao Círculo Polar Ártico. Embora seja uma empresa relativamente pequena, a sua presidente executiva (CEO), Hedda Felin, espera que esta inovação “possa inspirar toda a indústria marítima”.

O projeto, denominado “Sea Zero”, foi inicialmente anunciado em março de 2022 e, desde então, a Hurtigruten Norway, juntamente com 12 parceiros marítimos e o instituto de investigação SINTEF, sediado na Noruega, tem vindo a explorar soluções tecnológicas que possam ajudar a conseguir viagens marítimas sem emissões.

As velas do navio de emissões zero retrair-se-ão para que o navio possa passar por baixo de pontes, como se pode ver numa projeção. Projecto VARD

O projeto resultante funcionará predominantemente com baterias de 60 megawatts que podem ser carregadas no porto com energia limpa, uma vez que as energias renováveis representam 98% do sistema elétrico da Noruega. Gerry Larsson-Fedde, vice-presidente sénior de operações marítimas da Hurtigruten Norway, que teve a ideia de um navio com emissões zero, estima que as baterias terão um alcance de 300 a 350 milhas náuticas, o que significa que, durante uma viagem de ida e volta de 11 dias, um transatlântico teria de carregar cerca de sete ou oito vezes.

Para reduzir a dependência da bateria, quando estiver a ventar, três velas retrácteis - ou asas - sairão do convés, atingindo uma altura máxima de 50 metros. Podem ajustar-se de forma independente, encolhendo para passar por baixo de pontes ou mudando o seu ângulo para apanhar o máximo de vento, explica Larsson-Fedde. Que acrescenta que as velas serão cobertas por um total de 1500 metros quadrados de painéis solares, que irão gerar energia para recarregar as baterias durante a navegação - e os níveis das baterias serão apresentados no costado do navio.

“Na Noruega, apesar de por vezes ser escuro no Inverno, ainda temos sol no sul. E temos sol 24 horas por dia no Verão. Além de tudo o resto, o sol da meia-noite vai dar-nos energia”, afirma.

O navio terá 270 cabines para 500 hóspedes e 99 tripulantes, e a sua forma aerodinâmica resultará numa menor resistência ao ar, ajudando a reduzir ainda mais o consumo de energia. A bordo, os hóspedes serão convidados a minimizar o seu próprio impacto climático através de uma aplicação móvel interativa que monitoriza o seu consumo pessoal de água e energia.

“Queremos torná-los mais conscientes da quantidade de energia que consomem se passarem mais 10 minutos no duche ou se o ar condicionado estiver no máximo”, afirma Larsson-Fedde.

Navegação mais verde

O navio terá 135 metros de comprimento e 270 camarotes. As velas, quando totalmente estendidas, atingirão 50 metros de altura. Projecto VARD

O sector do transporte marítimo é responsável por cerca de 3% das emissões globais de gases com efeito de estufa produzidas pelo homem, de acordo com a Organização Marítima Internacional (OMI), o organismo das Nações Unidas que regula o transporte marítimo mundial. Em 2018, a OMI introduziu um objetivo para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa do sector em, pelo menos, metade até 2050.

Isto levou a uma nova vaga de projetos de navios à vela amigos do ambiente, desde o transatlântico Oceanbird e vários navios de carga com velas retrácteis, ao super iate Black Pearl da Oceanco e ao navio de cruzeiro Chantiers de Atlanique com velas sólidas dobráveis. Mas a maior parte destes navios também depende de motores que funcionam com combustíveis fósseis. Larsson-Fedde observa que, embora o projeto da Hurtigruten Norway tenha um motor de reserva por razões de segurança, este funcionará com combustíveis ecológicos, como o amoníaco, o metanol ou o biocombustível.

A Hurtigruten Norway há muito que promove o transporte marítimo sustentável. Em 2019, lançou o primeiro navio de cruzeiro híbrido do mundo, apoiado por baterias, e está actualmente a converter o resto da sua frota de expedição em baterias híbridas.

“Estamos dependentes do oceano e do ambiente. É esse o nosso produto: oceanos limpos, portos limpos, fornecedores locais”, afirma Felin. “Queremos ser líderes em sustentabilidade, pois acreditamos que o nosso sector é demasiado lento e não é suficientemente ambicioso.”

Nos próximos dois anos, a Hurtigruten Norway irá testar as tecnologias propostas antes de finalizar o projeto em 2026, e tem como objetivo iniciar a produção nos estaleiros em 2027. O primeiro navio deverá entrar em águas norueguesas em 2030. Depois disso, a empresa espera transformar gradualmente toda a sua frota em navios com emissões zero.

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