Um presente que gera ciúme, um novo marido que se estreia na família. O que pode estragar os festejos de natal

9 dez 2023, 16:00
Árvore de Natal

A quadra natalícia é o momento pelo qual todos anseiam durante o ano, mas reunir a família nem sempre é tarefa fácil. Não falamos no facto de cada um ter a sua vida e nem todos conseguirem horários compatíveis, falamos, antes, nas desavenças entre membros que tornam as coisas mais complicadas.

O Natal está aí à porta e a azáfama da época festiva já tomou conta da casa de muitas famílias. Há quem ainda não tenha montado a árvore, mas são muitas as casas que já vemos brilhar do exterior. Faltam comprar os presentes, pensar na ementa e nos doces que farão parte da mesa de Natal. A lista de convidados está pronta, a família vai reunir-se porque é tradição obrigatória, mas será que corre bem juntá-los a todos? É aqui que, para acrescentar à confusão habitual de preparar o Natal, entram os dramas familiares. E há vários momentos que podem ser causadores de desconforto e até causar clima de tensão. Mas, segundo os psicólogos, há formas de lidar com estas situações e evitar que se estraguem os festejos de natal.

Cuidado ao forçar as pazes para a consoada

Não existe um remédio que cure as fraturas nos relacionamentos e algumas são tão antigas que chega a ser difícil lembrarmos-nos da questão que desencadeou o problema. Lá porque é Natal, não significa que todos estejamos em harmonia uns com os outros. Há irmãos que não se falam, filhos que cortaram relações com os pais e até casais divorciados incapazes de se sentarem juntos à mesa. Como lidar com esta separação na noite da consoada?  

“É importante dar tempo. Não vamos juntar duas pessoas que não se falam e forçá-las a fazerem as pazes”, explica a psicóloga Catarina Lucas, frisando que embora esteja em causa a família, “não se deve forçar relações”. O Natal é, culturalmente, uma época de alegria, amor e partilha, “mas temos de aceitar que as desavenças acontecem, são naturais e que há fases menos boas no seio familiar”, afirma a psicóloga Cláudia Almeida, que partilha da opinião de Catarina Lucas. 

Por norma, a ligação entre irmãos é a mais propícia a sofrer dificuldades, exatamente porque, como explica Catarina Lucas “é a relação mais longa que se tem na vida”. Se refletirmos sobre esta questão, facilmente percebemos que temos tendência a ter mais zangas com familiares do que com amigos e, consequentemente, sofremos mais quando há divergências com alguém do nosso sangue, do que com os restantes. Cláudia Almeida explica que “as pessoas mais importantes são aquelas que mais nos magoam”, daí esperarmos sempre mais da nossa família do que dos nossos amigos ou colegas de trabalho. 

Por isso, mesmo que se queira tudo à mesa nos festejos de natal, é preciso ter atenção para nao agravar o caso “Os pais tentam fazer pontes entre as duas partes, mas é preciso algum cuidado para não serem percecionados como estando a tirar partido de um ou de outro”, justifica Catarina Lucas.

Casamento traz escolhas

Um dos problemas durante a época natalícia é como conseguir conciliar todas as famílias. Um problema que se agrava com as novas estruturas familiares em que pais divorciados acabam por duplicar os convívios. E tudo pode piorar quando em cima desta confusão há ainda um matrimónio recente. O natal deve ser em casa da família dele ou dela? O melhor, refere Catarina Lucas, é que haja flexibilidade e que o casal esteja "aberto à discussão para se conseguir consenso”.  

“A rotatividade é sempre uma solução”, defende Catarina Lucas. O conselho da psicóloga é que o casal passe o primeiro Natal com a família de um e, no ano seguinte, passar com a família do outro. “Esta é a solução que a maioria das pessoas adota e aquela que é mais democrática”, finaliza Catarina Lucas.

Novo membro na família

Outra das situações que pode originar conflitos na noite da consoada é a integração de um novo elemento da família.  

Ou seja, interagir com a família do parceiro pode trazer um conjunto de desafios associados, uma vez que os costumes familiares podem ser diferentes. Entrar numa família como sendo o “novo membro” pode ser visto como aprender a viver num país estrangeiro: levará tempo para se habituar. 

"Podem existir dificuldades de integração, mas cabe à família que acolhe integrar a pessoa que chega de novo”, avisa a psicóloga Cláudia Almeida.

Por isso, dizem, é essencial existir a capacidade de nos colocarmos no papel do outro. Como diz Catarina Lucas a “pessoa nova” vai estar a “sentir falta dos seus e dos rituais aos quais está habituado”, e daí precisar, mais do que nunca, de se sentir confortável.

Os sinais dados pelos presentes de Natal 

Apesar de parecerem inofensivos,os presentes que se dão e recebem podem ser um outro gatilho que desperta zangas familiares. “A questão dos presentes de Natal costuma gerar algum conflito ou desconforto na família porque há sempre quem tenha um olhar mais atento”, explica Catarina Lucas, que aconselha, por isso, a compra de presentes simbólicos. “Se apostarmos em lembranças ou prendas com mais simbolismo não vai haver aquela coisa de acharmos que um vale mais do que o outro”, acrescenta a psicóloga. 

Cláudia Almeida considera que cada família deve optar pelo modelo que considera mais adequado. Mas considera que não se deve basear na ideia de “pagar na mesma moeda, porque sempre deu ou porque sabe que vai receber". A psicóloga clínica lembra que não nos devemos sentir obrigados a dar presentes a toda a gente que vai estar presente na consoada. “Para uns pode fazer sentido dar a todos, para outros não. Cada um define as próprias regras”, acrescenta.

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