Murcia diz que discotecas onde morreram 13 pessoas deviam ter fechado há mais de um ano. Mas autarquia não fez nada

2 out 2023, 18:01

Os representantes da discoteca Fonda Milagros dizem que o fogo começou no espaço do lado. A autarquia promete ir até ao fim para apurar responsabilidades

A autarquia diz que as discotecas onde morreram 13 pessoas na cidade espanhola de Murcia deviam ter fechado há mais de um ano, mas os representantes de dois dos três espaços que arderam no incêndio recusam o cenário. Até ao momento já foram identificadas cinco das vítimas mortais, não havendo mais desaparecidos, depois de as duas pessoas que ainda faltava localizar terem sido encontradas com vida na tarde desta segunda-feira.

A porta-voz da discoteca Teatre afirmou que a licença ainda estava em vigor, garantindo que foi isso que lhe disse o proprietário do local. María Dolores Abellán disse à Europa Press que não viu o documento em causa, mas que acreditava que tudo estava dentro da lei.

A mesma versão tem a discoteca Fonda Milagros, cujo advogado garantiu desconhecer uma ordem para encerramento da atividade. Francisco Adán foi mais longe, virando o discurso contra a outra discoteca, a Teatre, onde diz que começou o incêndio fatal.

“Vimos numa série de vídeos que o Teatre utilizou nessa noite, numa festa “Remember”, canhões de fogo frio que sabemos que podem subir demasiado e afetar os cabos elétricos”, disse, sublinhando que é preciso “deixar trabalhar os especialistas e a polícia”.

Sobre a licença de funcionamento do espaço, Francisco Adán diz que o seu cliente lhe garantiu que tudo estava legal, mas que os documentos que confirmavam isso “queimaram-se” durante o fogo.

À discoteca Fonda Milagros foram pedidas apenas algumas modificações, algo que o espaço garante que foi feito. A autarquia de Murcia diz que faltavam portas anti-incêndios e que havia objetos inflamáveis por retirar.

“A autarquia sabe perfeitamente que o local estava a funcionar e que em nenhum momento o meu cliente recebeu uma notificação de fim da licença, segundo a informação que me transmitiram”, afirmou Francisco Adán.

As versões das discotecas contrariam a autarquia de Murcia, que vai mesmo constituir-se assistente no processo que deve acabar na acusação da empresa. Garante que a cidade vai exigir “o apuramento de responsabilidades, custe o que custar”.

Isto porque, no entender da autarquia, as empresas “incumpriram as ordens de encerramento”, levando a que tenha acontecido uma “tragédia sem precedentes”.

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