Que desilusão, o futebol da Argentina. De novo a valer-se do génio de Messi (primorosa assistência para Di Maria, com os penalties a bater à porta), mas a exibição fraquíssima perante a Suíça é sinal de alarme a Sabella. Bélgica-EUA, mais um jogo fantástico, entre Howard monumental e Lukaku a resolver
O dia 20 do Mundial-2014 em cinco pontos:1.
2. Bélgica-EUA a fechar os «oitavos», num duelo de opostos que se equilibraram.
3. Grandes oitavos, venham daí os quartos! Mais quatro duelos bem interessantes em perspetiva. Holanda-Costa Rica é, na teoria pelo menos, o duelo menos equilibrado, com claro favoritismo holandês (70/30, por aí). E duas «finais antecipadas», ainda por cima no mesmo dia (esta sexta): França-Alemanha no Maracanã, «final europeia» com favoritismo repartido (49.5/50.5%, ligeiríssimo avanço alemão); Brasil-Colômbia, duelo de sonho, o escrete sem encantar, mas com o fator casa e uma fé imensa frente a «cafeteros» estimulantes e um James bem lançado para ser melhor marcador e/ou melhor jogador do torneio. Probabilidades para o Brasil-Colômbia? Tão difícil responder a isso… 52/48% para os brasileiros, muito pela tradição e pela suposta vantagem de jogar em casa. Mas esta Colômbia pode sonhar com tudo. Ainda o Argentina-Bélgica. Argentinos favoritos na teoria, mas a jogarem assim tão pouco… 55/45% para os sul-americanos, vá lá.
4. Ultrapassada a primeira de quatro fases de «mata-mata» (expressão que pegou como poucas e tem, pelo menos em Portugal, direitos de autor a atribuir a Scolari em 2004), convém reorganizar a escala de favoritos. Aqui vão, por esta ordem, os meus quatro candidatos ao título: Brasil, Alemanha, França, Holanda. Logo a seguir, com dose um pouco menor, Colômbia e Argentina. Explico: o Brasil está longe de convencer, mas tem mostrado uma força especial nos momentos certos (reviravolta no jogo inaugural; não desistiu com o México, mesmo não chegando ao golo devido a Ochoa monumental; excelente resposta depois do 1-1 e goleada aos Camarões; triunfo nos penalties sobre o Chile); a Alemanha também ainda não convenceu por completo (só naquela goleada a Portugal, mas em jogo facilitado), mas tem argumentos sólidos e uma ideia de jogo amadurecida; a França tem no duelo com os alemães o primeiro grande teste, pode estar a beneficiar de calendário simpático, mas a qualidade do seu ataque é indesmentível; a Holanda mostra-se eficaz nos momentos decisivos (resiliência na viragem com o México) e tem em Robben/Van Persie a dupla ofensiva mais temível da prova. A Colômbia? Teoricamente não é candidata mas… e se ganha ao Brasil? Quanto à Argentina, joga tão pouco que não consigo coloca-la nos candidatos ao título. Mas pronto, tem Messi. Nunca se sabe.
5. Está a ser o Mundial dos golos e dos bons espetáculos e está a ser, também, o Mundial dos guarda-redes. Várias exibições memoráveis de homens só em baliza imensa, capazes de as «encher» com dimensão e alma. Como Ochoa, o mexicano que anulou o Brasil à segunda jornada e foi o melhor em campo até no dia em que o México caiu, perante a Holanda. Mas também Keylor Navas, o costa-riquenho voador: corajoso, frontal, imenso, bravo. Ah, pois: e Bravo também, do Chile, enorme com Espanha e, claro, com o Brasil, a valer-lhe contrato com o Barça. E Rais Mbolhi, o argelino que defendeu (quase) tudo perante a Alemanha, outro exemplo de melhor em campo mesmo a perder. E Júlio César, lágrimas e fé do herói tardio do escrete. E Tim Howard, a comprometer Portugal em Manaus e enorme esta noite com a Bélgica. E ainda podia falar de Eneyama (Nigéria), Courtois (Bélgica) e Ospina (Colômbia) também merecem destaque.
«Do lado de cá» é um espaço de opinião da autoria de Germano Almeida, jornalista do Maisfutebol, que aqui escreve todos os dias durante o Campeonato do Mundo, sempre às 23.30h. Germano Almeida é também responsável pelas crónicas «Nem de propósito» e pela rubrica «Mundo Brasil», publicadas na revista MF Total. Pode segui-lo no Twitter ou no Facebook.