«Magriços» homenageados, partilham estórias de 1966

14 dez 2016, 00:15
Mundial 1966, 50 anos

ISCTE organizou evento que contou com José Augusto, José Carlos e Hilário

O Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE/IUL) organizou um evento de homenagem aos «Magriços», seleção portuguesa que brilhou no Mundial de 1966.

Este ano comemoram-se os 50 anos desse torneio e no colóquio estiveram presentes os antigos internacionais José Augusto, José Carlos e Hilário, que partilharam algumas histórias do Mundial 1966.

Uma delas foi a reação do selecionador Otto Glória no intervalo do jogo com a Coreia do Norte, altura em que Portugal perdia por 3-2, tendo estado a perder por 3-0.

«O Otto Glória entrou no balneário a ranger os dentes, tirou a gravata e o casaco, pendurou-os e virou-se para nós: ó meus filhos da mãe (expressão suavizada por Hilário, segundo o próprio)!, vocês sabem que sou brasileiro e que quando chegar ao Brasil me vão cortar o pescoço por Portugal lhes ter ganhado. Agora estão a perder contra uns coreanos que ninguém sabe quem são. Não vou dizer mais nada, quero que vão lá para dentro e que ganhem a porcaria do jogo», recordou Hilário.

José Augusto relembrou uma frase dessa palestra também: «Deram-me a maior alegria da minha vida ao ganharem aos meus irmãos brasileiros e agora estão a perder para esta equipa do Walt Disney…»

Portugal tinha eliminado o Brasil e acabaria por eliminar a Coreia do Norte por 5-3.

O mesmo José Augusto explicou que os asiáticos não eram uma seleção tão fraca como se diz: «A Coreia do Norte esteve dois anos a preparar-se para o Mundial na antiga República Democrática da Alemanha, a participar no campeonato daquele país, jogando contra as equipas da Alemanha de Leste, com todos os meios à disposição.»

Mais a sério, Hilário criticou a organização pela alteração do local da meia-final com a Inglaterra: «Os diretores da FPF venderam o jogo aos ingleses. Pela pontuação que tivemos, era a Inglaterra que teria de se deslocar a Liverpool. Tivemos de fazer uma viagem de 300 quilómetros de comboio e ficámos num hotel duvidoso, com as ‘meninas’ a passearem, foi tudo programado pela Federação Inglesa. No fim do jogo, o Eusébio abraçou-me a chorar e disse-me: Hilário, fomos enganados!»

José Augusto corroborou: «A Federação Inglesa deve ter pago um bom dinheiro. A sede da FPF era ali no Marquês de Pombal, umas instalações exíguas, e depois do Mundial passou para a Praça da Alegria, com condições excelentes.»

José Carlos foi o único a criticar a equipa técnica composta por Otto Glória e Manuel da Luz Afonso.

«Houve jogadores que tinham qualidade e que podiam ter jogado mais para poupar os titulares. Faltou alguma coragem ao selecionador. Na meia-final, foi evidente o cansaço de alguns dos mais utilizados, como o caso flagrante do António Simões, que falhou o 2-2 na meia-final com a Inglaterra por nítido cansaço. O [Fernando] Peres era excelente e estava motivado.»

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