"Muito acima do esperado". Há três anos que não se contavam tantos mortos em Portugal

29 dez 2023, 19:59

Última quinta-feira teve um número de óbitos inédito desde a pandemia de covid-19. Excesso de mortalidade atinge população com mais de 65 anos

Portugal está há quatro dias com números de mortalidade acima do normal para a época, na comparação com o histórico de anos anteriores.

A tendência começou na segunda-feira, dia de Natal, e quinta-feira, 28 de dezembro (com 482 óbitos registados até ao momento) foi mesmo o dia em que as autoridades nacionais de saúde contaram mais óbitos nos últimos quase 3 anos. 

Para encontrar mais mortalidade do que nos quatro últimos dias é preciso recuar a uma das ondas de covid-19, durante a pandemia, registada em janeiro e fevereiro de 2021. 

O sistema de vigilância da mortalidade da Direção-Geral da Saúde (DGS) assinalou mesmo a última quinta-feira a vermelho como sendo um dia com uma mortalidade considerada pelos peritos como “muito acima do esperado”. 

Excesso de mortalidade acima dos 65 anos

Os números da DGS consultados pela TVI indicam igualmente que o excesso de mortalidade atinge as regiões Norte, Centro e Lisboa e Vale do Tejo, mas apenas as idades acima dos 65 anos.

Segundo as contas da DGS, na última semana existiram 325 mortos em excesso face ao histórico desta época do ano e o dia 25 de dezembro foi mesmo o dia de Natal com mais óbitos da última década (440). 

Em declarações aos jornalistas, esta sexta-feira, o Ministro da Saúde desdramatizou a situação, defendendo que são necessários mais dias de análise para ter uma visão global, destacando que outubro e novembro foram, pelo contrário, meses com mortalidade baixa.  

Manuel Pizarro deixou, contudo, “um apelo” a quem quem tem mais de 60 anos e não se vacinou contra a gripe e a covid-19: “Ainda vão a tempo de ir ao centro de saúde ou à farmácia para se vacinarem”. 

“É a melhor medida que podemos tomar, não exatamente para prevenir o risco de ter gripe, mas para prevenir a gravidade da gripe”, explicou o ministro. 

Onda de gripe com forte impacto nas urgências

O Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge já revelou que Portugal atravessa uma onda de gripe A, mais persistente e com mais sintomas do que o habitual, sendo incerto quando será atingido o pico. 

Em paralelo, as urgências de vários hospitais registaram enorme procura nos dias a seguir ao Natal, com tempos de espera que chegaram a ultrapassar as dez horas para casos urgentes (pulseira amarela). 

Esta sexta-feira o fluxo de doentes a chegar aos hospitais diminuiu, mas vários hospitais mantêm-se com uma procura elevada e tempos de espera bem acima do recomendado para casos urgentes e muito urgentes.

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