Países Baixos negam entrada a polémico pregador muçulmano australiano

Agência Lusa , AM
19 jan, 11:49
Mohamed Hoblos

Hoblos faz discursos em que exorta os jovens muçulmanos a "viverem uma vida piedosa" e a praticarem a sua fé "o suficiente" para evitarem o castigo eterno, mas também afirmou que "os verdadeiros muçulmanos nunca condenariam" o grupo islâmico Hamas pelo seu ataque a Israel a 7 de outubro

O governo neerlandês recusou esta sexta-feira a entrada nos Países Baixos a um pregador muçulmano australiano, Mohamed Hoblos, alegando que as declarações que profere são polémicas e que incitam ao ódio e ao extremismo.

A decisão surgiu depois de o parlamento neerlandês ter levantado preocupações sobre a sua chegada aos Países Baixos no próximo de semana passado.

O ministro da Justiça neerlandês em exercício, Dilan Yesilgöz, confirmou que Hoblos não pode entrar nos Países Baixos para proferir sábado um discurso em Utrecht, porque o seu nome consta do Sistema de Informação Schengen (SIS), onde os países europeus partilham informações sobre pessoas que não devem ser autorizadas a entrar na UE.

"A liberdade de expressão é uma grande vantagem, mas não há lugar nos Países Baixos para aqueles que espalham ideias extremistas", indicou um porta-voz da justiça.

Desconhece-se quem foi o primeiro a introduzir o nome de Hoblos no SIS, uma vez que o pregador também ia fazer um discurso na Alemanha.

Cinco partidos representados no parlamento, incluindo o liberal VVD, os democratas-cristãos CDA e o partido dos agricultores BBB, instaram quinta-feira o ministro a proibir a entrada de Hoblos no país, por receio de que este faça declarações radicais que "minem a ordem jurídica democrática e possam constituir uma ameaça à ordem e segurança públicas".

No mesmo dia, a presidente da Câmara de Utrecht, Sharon Dijksma, também se manifestou contra a vinda do pregador à cidade e avisou que se, seja quem for, fizer declarações extremistas, “Utrecht não lhe dará um palco para falar”.

Segundo os meios de comunicação social neerlandeses, Hoblos faz discursos em que exorta os jovens muçulmanos a "viverem uma vida piedosa" e a praticarem a sua fé "o suficiente" para evitarem o castigo eterno, mas também afirmou que "os verdadeiros muçulmanos nunca condenariam" o grupo islâmico Hamas pelo seu ataque a Israel a 07 de outubro.

Por outro lado, a organização das mesquitas neerlandesas apresentou esta semana uma proposta intitulada "Plano Gradual contra a Profanação do Corão", que apela à proibição da queima e destruição do livro sagrado muçulmano nos Países Baixos para "proteger a paz" e evitar incidentes de violência em ações de protesto anti-islâmicas.

Edwin Wagensveld, o líder holandês do movimento de extrema-direita Pegida, organizou no fim de semana uma manifestação para queimar um Corão na cidade holandesa de Arnhem, que foi recebida com um contraprotesto que levou a confrontos, obrigando a polícia a intervir e a retirar Wagensveld para sua "própria segurança".

O plano das mesquitas visa, segundo o projeto, garanntir "mais harmonia e paz na sociedade, bem como proporcionar mais clareza no quadro da liberdade de expressão para evitar escaladas como as de Arnhem".

A organização sublinha também que a proposta se baseia num acórdão do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, que estabelece que a liberdade de expressão não se aplica a ataques a objetos de veneração religiosa.

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