Província moçambicana de Nampula com 675 casos de cólera no mês de agosto

Agência Lusa , BC
4 set 2023, 08:53
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Atual surto de cólera em Moçambique regista um acumulado de 34.306 casos e 144 óbitos, desde 14 de setembro de 2022 até à passada sexta-feira

A província de Nampula registou 675 novos casos de cólera em agosto, sendo o atual foco da preocupação das autoridades sanitárias de Moçambique no surto da doença que afeta algumas regiões do país há quase um ano.

Segundo os boletins diários sobre a progressão da doença, elaborados pela Direção Nacional de Saúde Pública e consultados hoje pela agência Lusa, o atual surto de cólera em Moçambique regista um acumulado de 34.306 casos de 14 de setembro de 2022 até 2 de setembro, que provocaram 144 óbitos, três dos quais no mês de agosto em Nampula.

Na província da Nampula, norte do país, as autoridades de saúde tinham contabilizado, até 1 de agosto, 2.936 casos da doença, com três óbitos, desde o início da epidemia no país. Com foco essencialmente na cidade de Nampula, capital da província, em apenas um mês esse total subiu para 3.611 casos e seis óbitos.

“A epidemia em Nampula está sob controlo, mas ainda temos alguns casos e as equipas multissetoriais estão a trabalhar no intuito de prevenir novos focos na cidade”, descreveu em agosto o vice-ministro da Saúde de Moçambique, Ilesh Jani.

“Continuamos a ter alguns focos de cólera no país, a maior parte dos distritos que teve surtos de cólera já estão livres”, destacou igualmente o governante.

Em 02 de setembro, a taxa de letalidade nacional da doença situava-se em 0,4% e permaneciam internadas 30 pessoas nas unidades de saúde do país.

As autoridades de saúde moçambicanas declararam no final de julho surtos de cólera em mais dois distritos, Mocímboa da Praia e Mueda, província de Cabo Delgado, que se juntaram a outros dois ativos. Em Cabo Delgado, norte do país, registaram-se 1.257 casos desde setembro de 2022, com três mortos.

Até 02 de setembro, a maioria dos casos acumulados de cólera em Moçambique foi registada na província da Zambézia, no centro do país, (13.400 diagnosticados e 38 mortos), especialmente afetada depois da destruição provocada pelo ciclone Freddy, em fevereiro e março, seguindo-se Sofala (7.527 casos e 30 mortos) e Niassa (3.501 casos e 25 mortos), mas sem registo de novos infetados há várias semanas.

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, destacou em 13 de julho, em Maputo, os esforços de Moçambique, e do Presidente da República, Filipe Nyusi, para travar esta epidemia de cólera.

Para o diretor-geral da OMS, o executivo moçambicano teve uma gestão assinalável da epidemia, que foi agravada pelo impacto do ciclone Freddy.

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, situação que agrava a resistência de infraestruturas e serviços que permitam evitar a doença.

A cólera é uma doença que provoca fortes diarreias, que é tratável, mas que pode provocar a morte por desidratação se não for prontamente combatida.

A doença é causada, em grande parte, pela ingestão de alimentos e água contaminados por falta de redes de saneamento.

Em maio, a OMS alertou que o mundo terá um défice de vacinas contra a cólera até 2025 e que um bilião de pessoas de 43 países podem ser infetadas com a doença.

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