Há uma confusão com as quotas do PSD Madeira. Opositor de Albuquerque fala em "golpe de secretaria"

4 mar, 21:38

No vídeo de apresentação da sua candidatura, Manuel António Correia é contundente: “O processo eleitoral foi estruturado para me condicionar e barrar, assim como o comportamento junto das bases de alguns dos principais dirigentes do partido”

Muitos militantes do PSD Madeira têm sido impedidos de regularizar as quotas. Os apoiantes de Manuel António Correia, adversário de Miguel Albuquerque nas eleições para a liderança do partido na região autónoma, não têm dúvidas em afirmar que este “é um golpe de secretaria.”

A estudar em Lisboa, Vítor Mendonça, militante do PSD Madeira, disse à CNN Portugal que “não temos conseguido regularizar as quotas do partido devido à sede não nos atender os telefonemas e não nos enviar as referências (multibanco) para tal, já que, também não há resposta aos e-mails.” Este militante lembra ainda que continua a tentar, “até por outras formas, tentar ligar a outras pessoas do secretariado do partido que também não atendem os seus próprios telemoveis”. 

Sem as quotas regularizadas, até ao próximo dia 8 de março, os militantes não poderão votar nas eleições diretas que acontecem a 21 do mesmo mês. Vítor Mendonça não tem dúvidas de que a possibilidade de poder votar “está nas mãos da lista de continuidade, está nas mãos do atual secretariado do partido, que é a mesma lista de continuação do Miguel Albuquerque.” E vai mais longe: “Estes constrangimentos obviamente são intencionais.” 

No vídeo de apresentação da sua candidatura, Manuel António Correia é contundente: “O processo eleitoral foi estruturado para me condicionar e barrar, assim como o comportamento junto das bases de alguns dos principais dirigentes do partido”, refere o advogado, de 59 anos.

Hoje, em nota enviada à comunicação social, a candidatura liderada por Manuel António Correia às eleições internas do PSD Madeira, apresenta e exige soluções ao partido relativamente aos constrangimentos no pagamento de quotas. 

"Não tem sentido que um Partido Autonomista não seja capaz de descentralizar minimamente este processo, obrigando os militantes de todos os concelhos a deslocarem-se ao Funchal", começa por referir a lista candidata, que afirma que, tendo em conta o "avolumar de testemunhos de constrangimentos para regularização de quotas dos militantes do PSD Madeira", envia uma exposição ao secretário-geral do partido onde aponta o problema e apresenta soluções, destacando-se a "presença de representantes das duas listas a acompanhar os procedimentos e a descentralização com postos de pagamento em diferentes concelhos e, particularmente, no Porto Santo".

O documento enviado a José Prada, lembra que “têm sido constatados e trazidos relatos diretos, cujo testemunho podemos fornecer ao partido, de inúmeros constrangimentos sentidos por militantes de toda a região, incluindo o Porto Santo, que se têm visto impossibilitados de proceder à regularização de quotas”.

É ainda possível ler-se: "Esta situação, que já se vem sentindo há algum tempo e da qual, por diversas formas temos vindo a chamar a atenção, ao invés de melhorar, como devia e era exigido, tem vindo a piorar manifestamente”, lê-se na nota enviada.

A candidatura de Manuel António Correia lamenta que não tenha “qualquer possibilidade de acompanhar o procedimento interno, tendo acesso apenas ao conhecimento destes constrangimentos, mas desconhecendo totalmente o que se passa por ‘detrás do balcão’”. A situação, assegura a candidatura de Manuel António Correia, “é ainda mais preocupante quando não temos acesso a informação sobre se haverá ou não outras capacidades de acesso ao pagamento e de quem as utiliza”.

O candidato diz que esta situação pode “configurar uma desigualdade entre as candidaturas e uma impossibilidade de muitos militantes poderem exercer o seu direito de voto”.

Na tentativa de resolver rapidamente o problema, a candidatura de Manuel António Correia pede que sejam imediatamente criadas as condições que garantam que todos os militantes, em igualdade de oportunidades possam, caso queiram, regularizar as suas quotas e mais tarde votar. Referindo, igualmente, a "criação de condições para o acompanhamento efetivo por parte desta candidatura de todo o processo e da informação concomitante, nomeadamente a indicação de representantes das listas que possam acompanhar o secretariado no dia a dia partilhando informação e a implementação de soluções".

Em declarações à CNN Portugal, Miguel Albuquerque desconsidera as preocupações do adversário e diz: “Têm que ir ao partido buscar as referências, é só isso! Não os atendem? Nós não temos 50 mil funcionários ao telefone, vão lá buscar. Aliás, ninguém condiciona ninguém que ninguém sabe em quem é que vai votar, eles sabem isso, o voto é secreto, não é?!”

Albuquerque garante que: “Esta é uma eleição como todas as eleições do PSD, transparente e clara.” Recorde-se que na rede social X, Alberto João Jardim declarou apoio a Manuel António Correia e elogiou-lhe a coragem, “apesar de o partido estar minado e controlado, por dentro, por interesses pessoais!”

José Prada reagiu na tarde desta segunda-feira através de um comunicado, onde assegura “estarem criadas todas as condições de igualdade nas duas listas concorrentes às internas do partido”. E avança que “estão criadas todas as condições de igualdade nas duas listas concorrentes às internas do partido, previstas para o próximo dia 21 de março, com critérios e procedimentos aplicáveis às duas candidaturas. O secretariado e os funcionários do partido limitam-se a seguir o Regulamento de Eleição da Comissão Política e do secretariado aprovado no último Conselho Regional, assim como os Estatutos e a Lei, designadamente a Lei de Proteção de Dados Pessoais.”

José Prada diz ainda que “todos os militantes recebem, anualmente e no início de cada ano, a sua referência para o pagamento das quotas, tendo essa referência a duração de um ano.” Por isso, “todos e quaisquer militantes que queiram atualizar esse pagamento, agora, devem dirigir-se à Sede da Rua dos Netos, no Funchal, conforme sucede desde o ano de 2020.” 

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