"A situação é demasiado grave": PS/Madeira vai apresentar moção de censura ao Governo Regional

Agência Lusa , BCE
25 jan, 23:17
Miguel Albuquerque (Homem Gouveia/Lusa)

Paulo Cafôfo, líder dos socialistas madeirenses, diz que a decisão foi tomada depois de Miguel Albuquerque ter sido constituído arguido e ser suspeito por corrupção

O PS/Madeira decidiu esta quinta-feira apresentar uma moção de censura ao Governo Regional da Madeira (PSD/CDS), liderado por Miguel Albuquerque, na Assembleia Legislativa desta região autónoma, anunciou o presidente dos socialistas madeirenses.

“O Partido Socialista da Madeira vai dar entrada já amanhã [sexta-feira] na Assembleia Legislativa Regional uma moção de censura ao Governo [Regional]”, disse o líder do PS/Madeira, Paulo Cafôfo, à agência Lusa.

O líder socialista madeirense - que tem o maior partido da oposição no parlamento madeirense (ocupa 11 dos 47 lugares no hemiciclo) - mencionou que esta decisão surge depois do chefe do executivo da Madeira (PSD/CDS), Miguel Albuquerque, ter sido constituído arguido e ser suspeito por corrupção.

Paulo Cafôfo sublinhou que “estes factos são indesmentíveis”, mas o líder insular “tem o desplante de não se demitir”, considerando que “a sua cegueira pelo poder está a sobrepor-se a qualquer valor de decência democrática”.

Na opinião do presidente do PS/Madeira, o atual executivo “não tem quaisquer condições políticas de continuar a governar a Região Autónoma”.

Paulo Cafôfo lembrou que “um dos partidos que suporta a atual coligação que governa a Madeira( PAN) retirou a confiança política a Miguel Albuquerque”.

“Queremos deixar bem claro que não aceitaremos nenhuma nomeação por parte do PSD/Madeira para formar um novo governo regional, no atual quadro parlamentar”, destacou.

Cafôfo aponta que “a perda de confiança dos madeirenses e porto-santenses é irreversível” e que Miguel Albuquerque deixou de ter condições para liderar os destinos da Madeira.

“A situação é demasiado grave”, realça, mencionando que este processo de investigação já resultou na detenção do presidente da Câmara Municipal do Funchal, sendo “o culminar de um conjunto de situações para as quais o PS/Madeira vinha a alertar há anos”.

Paulo Cafôfo aponta que na Madeira tem existido “um poder que diariamente viola os princípios da democracia” e há cerca de 50 anos “asfixia a sociedade madeirense, lhe retira capacidade crítica, ameaça e amedronta”.

A prioridade deste governo madeirense é “servir-se da Madeira para alimentar os interesses de uns quantos, que são os de sempre, que há muito viraram as costas aos madeirenses e porto-santenses”, disse Cafôfo, reforçando que o Governo Regional “deixou de ter condições para governar”.

Paulo Cafôfo reforçou que o PS/Madeira “está pronto para liderar um novo ciclo de governação na Região”.

Na quarta-feira, o presidente do Governo Regional da Madeira foi constituído arguido, num processo que levou à detenção do presidente da Câmara do Funchal e de dois gestores do grupo de construção AFA.

Nesse dia a Polícia Judiciária realizou na Madeira e em vários locais do continente cerca de 130 buscas, numa investigação por suspeitas dos crimes de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência.

Também o BE/Madeira desafiou hoje o PS e o JPP a apresentarem uma moção de censura ao Governo Regional.

Por seu turno, a deputada do PAN/Madeira, Mónica Freitas, com quem o PSD/Madeira celebrou um acordo de incidência parlamentar para assegurar a maioria absoluta no parlamento defendeu hoje que Miguel Albuquerque não tem condições para se manter no cargo e indicou que poderá continuar a viabilizar o acordo de incidência parlamentar, mas se for indigitado um novo líder.

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