Países muçulmanos tentam mobilizar apoio esmagador na ONU a cessar-fogo em Gaza

Agência Lusa , SM
12 dez 2023, 18:04
Faixa de Gaza (EPA/ABIR SULTAN)

Representantes da Organização de Cooperação Islâmica garantem estar "em total mobilização" para angariar votos favoráveis à resolução da ONU para um "cessar-fogo imediato" em Gaza

Os países muçulmanos mobilizaram-se para alcançar um apoio esmagador à resolução que a Assembleia-Geral da ONU votará esta terça-feira exigindo um cessar-fogo imediato em Gaza, após Washington ter vetado a mesma exigência na semana passada no Conselho de Segurança.

Um grupo de embaixadores falou à imprensa em nome da Organização de Cooperação Islâmica (OIC, o maior organismo muçulmano do mundo) e disse estar “em total mobilização” para obter o máximo de apoio possível, segundo o embaixador palestiniano junto às Nações Unidas, Riyad Mansour.

Mansour disse ter expectativas de que desta vez o apoio ao cessar-fogo seja muito maior do que em 26 de outubro, quando 120 países na Assembleia votaram a favor de uma resolução que pedia uma "trégua imediata e duradoura" no enclave. Na ocasião, 14 países (entre eles os Estados Unidos e Israel) votaram contra e 45 abstiveram-se.

O representante palestiniano disse que, desta vez, a linguagem é mais clara – “pede um cessar-fogo imediato” -, esperando angariar o apoio “de quase toda a comunidade internacional”, o que servirá para “enviar uma mensagem a Washington”, em alusão ao apoio inabalável norte-americano a Israel.

Mansour explicou ainda que a resolução que irá esta terça-feira a votos é muito breve e limita-se ao cessar-fogo humanitário para não cair na “politização”, e alertou que se oporão às tentativas de alguns países de introduzir alterações.

Embora não as tenha citado, referia-se às tentativas dos Estados Unidos e da Áustria de introduzirem alterações condenando explicitamente o Hamas e a sua tomada de reféns em 7 de outubro, que deverão ser votadas separadamente antes da própria resolução.

Quanto ao facto de as resoluções da Assembleia não serem vinculativas, Mansour minimizou-o e disse que o previsível apoio massivo ao texto pressiona Israel a acabar com a guerra.

"Esta tragédia está além da compreensão, e se [os palestinianos] estão zangados e frustrados e amaldiçoam a todos nós, começando por mim, eu entendo: eles estão certos e nós estamos errados. A nossa obrigação é salvar as vidas daqueles que ainda estão vivos", argumentou o diplomata. 

A guerra entre Israel e o Hamas começou em 7 de outubro, quando o grupo islamita atacou, de surpresa e com uma força inédita, o território israelita, matando, segundo as autoridades de Telavive, 1.200 pessoas, na sua maioria civis, e fazendo mais de 200 reféns.

Em retaliação, Israel tem bombardeado Gaza e bloqueou a entrada de bens essenciais como água, medicamentos e combustível.

Embora os dois lados tenham feito uma trégua de alguns dias para troca de prisioneiros e reféns, bem como para permitir o acesso de ajuda humanitária, os últimos dados atualizados das autoridades de Gaza, território controlado pelo Hamas desde 2007, apontam para mais de 18 mil mortos e 50 mil feridos no enclave palestiniano.

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