Lídia Cordeiro, portuguesa, reside em Rehovot, a 20 quilómetros de Telavive. "Sim, sim, eu tenho contacto direto com o embaixador e ele ligou-me já esta manhã." O Irão atacou diretamente Israel - nunca tinha acontecido
Estamos a ver estas imagens na televisão, mas é diferente testemunhar no local aquilo que aconteceu esta noite. Como é que foi passar por este cenário?
Sem dúvida. Foi um cenário de que estávamos à espera, enfim, foi ainda assim uma surpresa. Foi um bocado complicado. Toda a gente, o país inteiro estava à frente da televisão para ver o que é que se passa, tudo em alerta, tudo pronto para ir para o bunker [abrigo] com um rádio a pilhas, enfim. Está tudo preparado neste momento e muito pouca gente dormiu esta noite.
Como é que foi? Chegou a testemunhar algum drone, algum míssil? Assistiu algum desses momentos?
Não, não vi, ouvi quando as bombas foram atingidas, porque realmente é um barulho muito, muito forte. Mas ver não vi, não presenciei.
O que é que se diz neste momento na comunicação social israelita, que mensagem está a ser passada à população?
Que, neste momento, o governo ainda está a decidir, vamos ver com os americanos qual vai ser a resposta ao certo. Diz-se que a aliança que se está a criar é uma aliança muito boa e muito forte, mas ainda não sabemos qual vai ser a resposta.
O que é que teme nas próximas horas? O Irão já disse que a resposta, para já, terminou. Como espera que possam ser as próximas horas?
Bem, ora bem, isso que o Irão disse, o Irão disse mesmo antes de lançar os mísseis. Aquilo que eles dizem é um pouco menos tomado em conta. Em relação às próximas horas, é mesmo um grande ponto de interrogação. Tenho recebido imensas mensagens a perguntar se as atividades vão continuar a acontecer, se há coisas que vão ser anuladas, está tudo muito com um ponto de interrogação, não se sabe bem como reagir porque não sabemos o que é que vai acontecer.
A Lídia sente-se segura neste instante?
É muito relativo. Sinto-me segura porque vi os resultados desta noite e, pronto, é uma segurança muito relativa, sei que as bombas, os mísseis que chegam do Irão, se atingirem alguma coisa, é uma destruição muito maior do que o que tivemos até hoje, apesar de já estarmos há meio ano em guerra. A segurança é muito relativa, nós continuamos a trabalhar.
Teme pela sua segurança?
Para já, acho que estamos mais ou menos seguros, não sabemos o que se vai passar, como se vão desenrolar as coisas, é um bocado complicado estar a prever. Neste momento, está tudo mais ou menos calmo.
Por parte do governo português ja recebeu algum contacto?
Sim, sim, eu tenho contacto direto com o embaixador e ele ligou-me já esta manhã, porque eu reuni-me um grupo de portugueses residentes em Israel, portanto ele queria saber se está tudo calmo, se é preciso alguma coisa. Estamos em contacto direto nesse aspeto.
Conhece mais portugueses na mesma situação?
Sim, sim, como eu disse eu dirijo um grupo de que abri, um grupo no WhatsApp com portugueses residentes em Israel, estamos todos em contacto, há imensas mensagens no grupo. Tudo com um ponto de interrogação, sem se saber muito bem o que se vai passar, mas estamos todos em contacto e eu estou em contacto direto com a embaixada. Se for necessário alguma coisa, enfim, sou eu que coordeno as coisas aqui.