Foi um “sonho”, foram “micropássaros”? O que se sabe (que é pouco) sobre o ataque de Israel ao Irão

Daniela Costa Teixeira , atualizado às 11:52
19 abr, 08:50

Foram ouvidas “fortes explosões” em Isfahan, no centro do Irão. EUA confirmam ataque de Israel mas o Irão ironiza (!?) com a situação

O som das explosões ouviu-se no centro do Irão, mas o anúncio do ataque foi confirmado a milhares de quilómetros: segundo altos funcionários do governo norte-americano, Telavive tinha acabado de retaliar o ataque de sábado passado levado a cabo por Teerão. Mas nem Israel comenta nem o Irão confirma ter sido alvo de um ataque.

Como conta a CNN Internacional, fontes norte-americanas disseram ao canal que, pelas 04:00 locais (1:30 em Portugal Continental), Israel atacou Isfahan, no centro do Irão. As Forças de Defesa de Israel terão usado três drones, que terão sido prontamente destruídos pelas tropas iranianas.

O porta-voz do Centro Nacional do Ciberespaço do Irão, Hossein Dalirian, recorreu à rede social X para ironizar com o eventual ataque. Primeiro diz que “a impresa norte-americana sonhou que Israel atacou o Irão” e depois disse que o Irão “abateu três micropássaros”, o que, segundo a imprensa local, terá acontecido porque a defesa aérea iraniana estava em prontidão em várias regiões do país, na expectativa de um ataque israelita. 

“Eles disseram que 500 drones e mísseis suicidas foram disparados contra nós e que Israel foi submetido ao maior ataque de drones do mundo. Agora eles querem responder a essa operação com 3 desses quadricópteros, e todos os três foram abatidos 😂😂”, escreveu Dalirian.

Segundo um alto comandante militar iraniano, de acordo com a agência de notícias estatal iraniana Tasnim, a forte explosão ouvida perto da cidade iraniana de Isfahan foi causada por “disparos de defesa aérea contra um objeto suspeito”, mas até ao momento, Israel não comenta este eventual ataque e o Irão diz mesmo não ter sido alvo de qualquer investida, estando a imprensa iraniana a mostrar imagens de moradores a caminhar perto de pontos turísticos de Isfahan, como a praça Naqsh-e Jahan e ao longo do rio Zayandeh Rud.

Isfahan, apesar de estar a 400 quilómetros da capital, é a sede de instalações nucleares iranianas, assim como da 8.ª base de caças da Força Aérea do Irão. Durante o dia de ontem, um alto comandante da Guarda Revolucionária iraniana tinha deixado o alerta que o Irão tem o dedo “no gatilho” e está pronto para lançar “mísseis poderosos” contra Israel, até mesmo contra instalações nucleares se Telavive atacar as do Irão. E foi isso mesmo o que Israel terá feito.

Para já, não há relatos de feridos e vítimas mortais e o Irão diz mesmo que não há qualquer dano em infraestruturas. A Agência Internacional de Energia Atómica recorreu também à rede social X para dizer que “pode confirmar que não há danos nas instalações nucleares no Irão”.

No entanto, o The New York Times, que cita duas fontes israelitas e três iranianas, diz que as autoridades do Irão confirma que o ataque atingiu uma base aérea militar perto da cidade de Isfahan. A escala e o método do ataque não são ainda claros uma vez que, diz o jornal norte-americano, a imprensa dos dois países está a desvalorizar a questão, numa tentativa de minimizar o alegado ataque. Um alto funcionário iraniano disse à Reuters que o país não tem planos de retaliar imediatamente.

Antes do ataque, o secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, conversou com o ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, sobre “ameaças regionais e ações desestabilizadoras do Irão no Oriente Médio”, mas não se sabe se o alegado ataque desta madrugada foi tema de conversa, embora altos funcionários do governo norte-americano assegurem que a Casa Branca foi informada da retaliação israelita.

Entretanto, os aeroportos internacionais Imam Khomeini e Mehrabad, no Irão, já se encontram novamente em pleno funcionamento.

Aos poucos, o mundo vai reagindo a este ataque. O Egito já disse estar "muito preocupado" com uma escalada da tensão no Médio Oriente e a Jordânia pede o fim das retaliações entre os dois países, um apelo também feito pelos Emirados Árabes Unidos. A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apelou ao Irão, a Israel e aos seus aliados para que se abstenham de uma escalada na região.

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