Marta Temido irritou-se (e muito): “Estamos em 2022, não é uma discussão para o nosso país nem para este Governo” - o caso da IVG

10 mai 2022, 20:15

Ministra de Saúde chamou "hipócritas" aos deputados que não consideram o aborto um evento “profundamente penalizador"

Os ânimos exaltaram-se no Parlamento esta terça-feira: ao explicar qual a incidência da proposta da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) relativa a novos critérios para avaliação das equipas nas Unidades de Saúde Familiar Modelo B (USF-B), a ministra da Saúde, Marta Temido, levantou a voz aos deputados presentes.

Um destes critérios passa por uma avaliação em função das interrupções voluntárias da gravidez (IVG) realizadas pelas utentes, bem como pela existência de doenças sexualmente transmissíveis nas mulheres (DST): se houver informação de IVG ou DST nas utentes nos 12 meses anteriores, médico e equipa não receberão um valor adicional ao ordenado base porque não houve cumprimento de metas, escreve esta terça-feira o jornal Público.

“Pode-se concordar ou discordar. Pode-se concordar ou discordar! Quando deixamos de debater, deixamos de servir para aquilo que é a nossa função. E, portanto, estou a explicar nesta casa o que está em cima da mesa”, afirmou a ministra, já visível e audivelmente exaltada.

Temido criticou os deputados que “pensam que estamos perante uma tentativa qualquer de culpabilizar ou estigmatizar as mulheres”. “Estamos em 2022! Não é uma discussão para o nosso país, não é uma discussão para este Governo!”, completou.

A governante chamou também "hipócritas" aos deputados que não consideram o aborto um evento “profundamente penalizador" para as mulheres. “Acho que todos entendem que a circunstância de fazer uma IVG para as mulheres que a fizeram, e há nesta casa (Assembleia da República), de certeza, quem a já tenha feito, é profundamente penalizadora para a saúde física e mental . E, portanto, não considerar esse aspeto é, no mínimo, hipocrisia”, disse a ministra.

Marta Temido clarificou ainda que o Ministério da Saúde ainda não se pronunciou sobre a proposta. “Volto a repetir: o Ministério da Saúde ainda não se pronunciou sobre este indicador, como não se pronunciou sobre os outros. Estamos a falar daquilo que é a responsabilidade de acompanhamento do planeamento familiar e estamos a falar daquilo que poderá ser uma fragilidade de um planeamento familiar que não foi feito como gostaríamos e que pôs uma mulher na situação de recorrer à IVG. É disso que estamos a falar, sejamos francos”, afirmou, antes de pedir desculpa pela exaltação.

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