Mais famoso pelo cadastro do que pelo currículo

19 mai 2014, 10:23
Marlon King (Reuters)

Futebolista jamaicano jogou vários anos na principal divisão inglesa. Mas foi também na justiça britânica que foi construindo a sua fama

Terceira pena de prisão entre várias outras condenações pela Justiça. O cadastro de Marlon King já ganhou ao currículo de futebolista no que aos números respeita. O internacional jamaicano vai na dezena e meia de condenações… enquanto os clubes representados ficam pelos 11...

Aos 34 anos, Marlon King está sem clube e já pensa terminar a carreira profissional mudando-se com a família para a Zâmbia. Mas, por enquanto, está novamente preso. O avançado jamaicano cumpre desde quinta-feira uma pena de prisão de 18 meses por condução perigosa. Jogador de segunda (ou terceira) linha nos campeonatos de Inglaterra, praticamente desconhecido fora da ilha britânica, Marlon King é, porém, cada vez mais conhecido da justiça inglesa.



A presente condenação decorre de um incidente ocorrido em abril do ano passado. King foi considerado culpado de condução perigosa num acidente que envolveu mais dois carros além do seu. Com dois feridos: os condutores de cada uma das outras viaturas.

Testemunhas do processo contaram que King andava a mudar de faixa para faixa de uma autoestrada de duas pistas em Newark. As manobras ao volante de um Porsche Panamera eram feitas enquanto ia comendo um gelado. E de repente fez uma travagem brusca à frente de um Vokswagen Polo levando a que o condutor deste carro tivesse de travar de emergência. O Vauxhall Astra que seguia atrás do Polo já não conseguiu parar e embateu no carro do meio, que foi enfiar-se
na traseira do carro de King.

E o jamaicano terá tentado deixar a cena do acidente. Até uma pessoa o deter na suposição de que o condutor do Polo podia estar morto. Não estava. Mas Martin Beck teve de ser desencarcerado e passou três semanas no hospital devido a uma fratura num braço. O condutor do Astra também precisou de assistência hospitalar devido a alguns ferimentos.

Como conta a «BBC», o advogado de King referiu que o seu cliente se sentiu «frustrado» pela condução de Martin Beck. King desresponsabilizou-se inicialmente, mas, depois, deu-se como culpado de condução perigosa. E o seu advogado reconheceu-o também em tribunal. «Foi perigoso. Ele nunca o devia ter feito e reconhece-o. E está sinceramente arrependido», disse Charles Langley.

A sentença que agora colocou King mais 18 meses na prisão (e três anos sem conduzir) falou mais duro. «O seu caso não foi tido como comportamento meramente impulsivo ou irresponsável. Foi agressivo. Foi arrogante», concluiu o acórdão.

Problemas também na seleção


Marlon King foi o melhor marcador da segunda divisão inglesa ao serviço do Watford em 2006, clube com o qual subiu à Premier League e na qual jogou também ao serviço do Wigan, Hull City e Middlesbrough. O jamaicano passou ainda por emblemas como o Leeds, Nottingham Forest, Coventry, Birmingham ou Sheffield United, que representou entre setembro e dezembro do ano passado.

O avançado chegou a envergar a braçadeira de capitão da seleção da Jamaica, já depois de ter sido suspenso da equipa nacional entre 2006 e 2008 devido a um comportamento de indisciplina. Após o regresso, foi herói frente a Trinidad e Tobago.



O melhor percurso na Premier League foi interrompido em 2009 pelo caso jurídico mais grave. O Wigan despediu-o depois da condenação por uma agressão sexual e uma agressão física em dezembro de 2008. Marlon King foi condenado a 18 meses de prisão por ter apalpado uma rapariga de 20 anos num bar e por lhe ter dado um soco que lhe partiu o nariz após a discussão gerada.

Em 2002 já tinha acontecido o terceiro caso de prisão ao ter sido apanhado a guiar um BMW com matrículas falsas que era um carro roubado. Foi condenado a outros 18 meses de prisão por recetação. Conseguiu uma redução de pena para nove meses e foi libertado de forma condicional passados cinco.

Os três maiores crimes cometidos por Marlon King resultam num cadastro recheado de condenações – como fraude, roubo, mais do que uma agressão sexual, por exemplo – a que se juntam outras multas menores como excesso de velocidade ou condução sob o efeito de álcool – num total de 15 ofensas criminais que, de acordo com o «The Guardian», levaram a, pelo menos, sete presenças em tribunal desde os 17 anos.

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