Zelensky: "Se estivéssemos na NATO, esta guerra não teria acontecido"

10 abr 2022, 10:01

Presidente da Ucrânia diz ainda que está comprometido num acordo pela paz, apesar dos ataques russos a civis que surpreenderam o mundo, e voltou a pedir aos países aliados que enviem mais armas antes de um aumento dos combates no leste do país

Volodymyr Zelensky afirmou, numa entrevista à Associated Press, que "ninguém quer negociar com uma pessoa ou com quem está a torturar" a Ucrânia. Divulgada no sábado à noite, a entrevista mostra o presidente ucraniano na residência oficial, a Casa Gorodetsky, onde tem permanecido durante a invasão russa.

"Ninguém quer negociar com uma pessoa ou com quem está a torturar esta nação. É tudo compreensível. E como homem, como pai, entendo isso muito bem”, afirmou Zelensky, acrescentando: "Não queremos perder oportunidades, se as tivermos, de uma solução diplomática”.

Sentado nas escadas da Casa Gorodetsky, onde são visíveis os sacos de areia, Zelensky falou sobre como está comprometido num acordo pela paz, apesar dos ataques russos a civis que surpreenderam o mundo, e voltou a pedir aos países aliados que enviem mais armas antes de um aumento dos combates no leste do país.

"Temos de lutar, lutar pela vida. E não podemos lutar pelo pó quando não há nada nem pessoas. É por isso que é importante parar esta guerra. Temos que entender que qualquer guerra deve terminar em paz ou acabará com milhões de vítimas. E mesmo assim, se houver milhões de vítimas, eventualmente a paz chegará, a guerra acabará”, afirmou.

Na entrevista, Volodymyr Zelensky afirmou ainda que que se a Ucrânia fosse membro da NATO, a Rússia nunca teria invadido o país ou a guerra ter-se-ia desenrolado “de forma diferente”.

"Se estivéssemos na NATO, esta guerra não teria acontecido. Ou se aconteceria de forma diferente. Teríamos o ombro dos vizinhos próximos, vizinhos fortes (para nos apoiar) e poderíamos lutar juntos. E provavelmente a guerra não aconteceria", afirmou.

Falando sobre Mariupol, o presidente ucraniano diz que a cidade é o "coração desta guerra" e que a defesa desta cidade portuária pode dar uma margem benéfica aos ucranianos em relação aos russos nas negociações. 

“Mariupol é o coração desta guerra e está a bater, estamos a lutar, somos fortes. Se parar de bater, ficaremos numa posição mais fraca”, concluiu. 

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.626 civis e feriu 2.267, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,4 milhões para os países vizinhos.

Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

 

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