“Não há efeitos secundários visíveis dos aumentos salários”, sublinhou Mário Centeno e, por isso, “não há necessidade de esperar pelos dados sobre salários, publicados em maio”
O governador do Banco de Portugal voltou a pressionar uma descida das taxas de juro antes do verão. Mário Centeno considera que não é preciso esperar pelos dados sobre salários, que deverão ser publicados em maio, para avançar com um corte nas taxas de juro.
Centeno defende que “mais vale descer juros mais cedo do que tarde”, alimentando as esperanças dos que esperam um corte de juros já em abril, apesar de a presidente do Banco Central Europeu ter dito que o corte de juros só deve acontecer no verão.
Centeno, citado pela ForexLive, disse que a “inflação está a desacelerar de forma sustentada”, “quase todos os fatores que pressionaram os preços em alta já se dissiparam”, por isso, o BCE deve “começar a cortar os juros mais cedo do que tarde, mas deve evitar movimentos bruscos”, disse o português que tem assento no conselho de governadores do BCE.
“Não há efeitos secundários visíveis dos aumentos salários”, sublinhou Mário Centeno e, por isso, “não há necessidade de esperar pelos dados sobre salários, publicados em maio”.
Na última reunião de política monetária, a 25 de janeiro, o BCE manteve as taxas de juro de referência pela terceira vez consecutiva desde 21 de julho de 2022. E Christine Lagarde disse que existem riscos no que toca ao crescimento económico, que a inflação continua numa tendência descendente e que a pressão dos aumentos salariais está a decrescer.
Lagarde mencionou ainda que “as decisões do BCE estão dependentes de dados económicos e os dados em que se focam apontam para um corte de taxas de juro nos próximos meses, potencialmente abril” e indicou também que “o verão poderá chegar mais cedo este ano”.
Esta segunda-feira também o vice-presidente do BCE veio falar da perspetiva de descida das taxas de juro. Luis de Guindos garantiu que as perspetivas melhores em termos de preços no consumidor vão acabar por incitar os responsáveis a cortar juros. “Tem havido boas notícias sobre a evolução da inflação e isso – mais cedo ou mais tarde – acabará por se refletir na política monetária”, disse.
“Estamos dependentes dos dados, não temos nenhum tipo de calendário, vai depender da evolução da inflação”, sublinhou reiterando as palavras da presidente do BCE, Christine Lagarde, quando atirou para o verão o início da descida das taxas de juro.
O BCE está a marcar uma pausa no ciclo sem precedentes de aperto monetário que o levou a aumentar as taxas dez vezes desde meados de 2022.