Declarações do Presidente da República numa entrevista exclusiva que pode ver esta quinta-feira a partir das 22h30 na CNN Portugal
A jornalista Anabela Neves apanhou boleia do Presidente da República desde o Palácio de Belém até à Feira de São Mateus, em Viseu. Numa conversa descontraída a bordo do carro do chefe de Estado, Marcelo respondeu a tudo. Falou sobre o Serviço Nacional de Saúde e os vários pedidos de escusa de responsabilidade dos seus profissionais, de António Costa e da direita - que "deixou o primeiro-ministro governar" - e do momento em que julgou que "ia tudo por água abaixo" no país.
Sobre a sua família política, Marcelo estranhou a distância que a direita manteve em relação a Belém, e que foi prontamente aproveitada por António Costa. Foi "um erro que nunca percebeu", conta. "Em vez de colarem em mim, descolaram ostensivamente de mim. E quem é que colava a mim? O primeiro-ministro e o PS."
Marcelo elogia a leitura política de António Costa e compara-o com um objeto peculiar. "Tem-se uma ideia e ele é um mata-borrão. Um bom mata-borrão, porque é rápido."
Transcrição do excerto da entrevista
Marcelo Rebelo de Sousa: Também a direita cometeu um erro que eu nunca percebi. É que os sucessivos líderes de direita, em vez de colarem em mim, descolaram ostensivamente de mim. E quem é que colava a mim? O primeiro-ministro e o PS.
Eu devo dizer que o primeiro que dá alguns sinais de perceber isto é o atual líder do PSD. Percebeu que podia, de alguma maneira, estar ali próximo de alguém que, sem estar a fazer nenhum frete partidário, no entanto, abria espaço.
É o que faz o primeiro ministro desde sempre. O primeiro-ministro percebe... No início havia eleitorados diferentes. Depois, percebeu que podia cavalgar mais ao centro, beneficiando da proximidade do Presidente. E eu não percebi porque é que o PSD deu de barato, "olhe, este está perdido".
Anabela Neves: Provavelmente foi um erro, pelo que está a dizer.
Não dissolveu o Parlamento e deixa o primeiro-ministro governar.
Vamos ver como isto acaba muito mal para ele e para o primeiro-ministro e tal. Agora vejo que o Primeiro-ministro já perfilhou. Ele é muito rápido a sugar as coisas. Tem-se uma ideia e ele é um mata-borrão. Um bom mata-borrão, porque é rápido.
Utilizou uma expressão que eu tinha lançado que é a "bolha político-mediática". Antigamente falava-se em classe política, agora é mais sofisticado.
É a bolha.
Mais importante que a classe política é a bolha mediática.