Corrupção na Madeira: 15 relógios de luxo e diamante escondido em gaveta do gabinete da presidência

30 jan, 20:00

Na indiciação dos arguidos, a que a CNN Portugal teve acesso, o Ministério Público escreve que Pedro Calado exibia "um nível de vida muito superior àquele que é o esperado de um servidor público, seja no exercício das funções de vice-presidente do governo regional da Madeira, seja nas de presidente da câmara municipal do Funchal".

As buscas ao agora ex-presidente da Câmara Municipal do Funchal revelaram vários sinais exteriores de riqueza incompatíveis com os rendimentos declarados por Pedro Calado. Da longa lista de objetos de luxo apreendidos constam uma coleção de relógios, canetas e garrafas de vinho de edição limitada – e, sobretudo, um diamante que o autarca escondia numa gaveta do seu gabinete da presidência da Câmara do Funchal.

Dentro das caixas e com os respetivos certificados de autenticidade, só relógios eram 15, de marcas como Cartier, Chopard ou Frank Mueller, avaliados em dezenas de milhares de euros. Foram ainda encontradas quatro esferográficas Chopard, Mont Blanc e Waldmann, várias caixas de vinho e de champanhe, num total de 21 garrafas.

Custódio Correia, outro dos detidos nesta operação, terá sido escutado a dizer que tinha por hábito oferecer garrafas de vinho, champanhe e de uísque como presentes a pessoas de relevo como o presidente do Governo Regional ou presidentes de câmara, referindo-se à do Funchal.

Entre os bens encontrados houve ainda outros que chamaram a atenção da Polícia Judiciária (PJ) pelo insólito: em casa do autarca estava uma caixa com três relíquias religiosas oriundas da Arménia; e numa das gavetas do gabinete na câmara municipal foi escondida uma pedra aparentemente preciosa, dissimulada entre cartões de visita e embrulhada em papel vegetal. A PJ acredita tratar-se de um diamante. 

Na indiciação dos arguidos, a que a CNN Portugal teve acesso, o Ministério Público escreve que Pedro Calado exibia "um nível de vida muito superior àquele que é o esperado de um servidor público, seja no exercício das funções de vice-presidente do governo regional da Madeira, seja nas de presidente da câmara municipal do Funchal".

A investigação acredita que esse nível de vida era proporcionado pela proximidade e pelos esquemas que mantinha por exemplo com Avelino Farinha, o empresário dono dos hotéis Savoy, que o autarca tratava por “chefe”.

Pedro Calado tinha em casa cartões de acesso ao restaurante e à piscina do hotel no Funchal, e a fatura de uma estadia de quatro dias num dos hotéis da cadeia, para duas pessoas, no valor de dois mil euros. E foi também no Savoy que casou, em 2021, com a mulher, Carla. 

Agora, se o autarca não estivesse detido, o casal estaria a gozar umas férias programadas no Dubai.

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