PSD 'gosta' mais da IL, CDS 'gosta' mais do PAN: quem vai dar a maioria absoluta a Miguel Albuquerque?

25 set 2023, 15:01
Miguel Albuquerque. Lusa

No meio da queda de PSD e PS apareceram as estreias de Iniciativa Liberal e Chega, o regresso do PAN e o reforço do JPP num parlamento que pode ajudar a desenhar o futuro nacional

Coligação sim, com o Chega não. Miguel Albuquerque garantiu que vai conseguir fazer com que PSD e CDS encontrem um parceiro para uma maioria estável na Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira. Para isso precisa de mais um deputado, o que abre o leque de opções a dois candidatos óbvios, e a um outro que entrou de vez no panorama político do arquipélago.

Uma coligação com a Iniciativa Liberal (IL), com o PAN ou com o Juntos Pelo Povo (JPP) são os cenários em cima da mesa, ainda que pareça claro quais as preferências. Para o politólogo José Filipe Pinto, a última hipótese é a menos provável, até porque implicaria fazer cedências governativas, uma vez que o JPP conseguiu eleger cinco deputados, ficando como terceira força política.

Vamos então aos cenários prováveis: “Percebemos que existe predisposição para dialogar com todos, isto resume-se à aliança PSD/CDS, mas essa predisposição colide”. O que o professor de Ciência Política diz à CNN Portugal é que os dois partidos que se apresentaram em conjunto piscam o olho a parceiros diferentes.

O PSD à IL, o CDS ao PAN. E tudo por uma questão de posicionamento. Os sociais-democratas identificam-se melhor com os liberais, deixando aqui espaço para um acordo alargado no futuro, que pode mesmo vir a ser necessário para um eventual governo nacional à direita. Mais identificado ainda está o CDS, e esse é o problema: “Ambos disputam o mesmo eleitorado”, recorda José Filipe Pinto, apontando que “para o CDS faz muito mais sentido a aposta no PAN, enquanto o PSD se inclina para um acordo com a IL”.

No fundo, o CDS pode querer fugir à possibilidade de dar poder ao seu principal adversário na luta por um regresso à Assembleia da República. Apesar disso, vinca o politólogo, parece pouco credível que o PSD deixe o CDS ganhar neste ponto, posicionando-se a IL como a grande candidata a um acordo de incidência parlamentar.

Para a professora de Ciência Política Paula do Espírito Santo uma aliança com a IL também parece ser o desfecho mais provável. Desde logo existe a possibilidade de "num plano regional criar futuro numa opção nacional".

É preciso "caminhar com cenários de proximidade", vendo sempre as situações que vão acontecendo. "Não será fácil ao PSD fazer um caminho como o que tem feito até agora de alguma estratégia mais isolada. Já percebeu que sozinho não consegue", diz.

JPP, um partido para ficar

Tem apenas expressão regional, mas já ficou claro que é uma expressão de peso. O JPP nasceu de um movimento de cidadãos que queriam poder candidatar-se a um órgão regional, algo que só conseguiram através da formação de um partido.

Foi o que fizeram, passando a dominar locais como Santa Cruz, mas ganhando força em todo o arquipélago. É por isso que José Filipe Pinto vê como inevitável a entrada do JPP na solução governativa.

“Este partido, mais tarde ou mais cedo, vai ter de entrar na solução governativa da Madeira. Neste momento, com duas alternativas menos onerosas para PSD e CDS, ainda não, mas a curto prazo vai acontecer”, reitera.

E isto porque, segundo o politólogo, o panorama político madeirense mudou. Da longa hegemonia social-democrata passou-me para um nível abaixo, o de um partido dominante, com o sistema a ser mais competitivo. “Com esta tendência dificilmente o PSD recupera a hegemonia. Para já, o JPP é um problema adiado, mas com a passagem a partido dominante, em breve o PSD terá de se sentar à mesa com eles”, acrescenta, garantindo que não se trata de um epifenómeno.

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