Bebé entre oito pessoas que tiveram de receber assistência por causa dos fogos na Madeira

Agência Lusa
12 out 2023, 21:59

Planos de emergência e proteção civil foram ativados em algumas zonas da ilha

Oito pessoas receberam assistência médica devido aos incêndios que lavram na Madeira, em três concelhos, entre as quais um bebé por inalação de fumo, indicou esta quinta-feira o secretário regional da Saúde e Proteção Civil.

Em conferência de imprensa no Serviço Regional de Proteção Civil, no Funchal, Pedro Ramos apresentou o ponto da situação dos três incêndios que estão ativos nos concelhos de Câmara de Lobos, Calheta (zona oeste) e Porto Moniz (costa norte), e anunciou a chegada à região, na manhã de sexta-feira, de uma equipa de 55 elementos da força especial de bombeiros enviada pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).

O governante adiantou que o combate às chamas envolve um total de 127 operacionais, com o apoio de 42 viaturas e do helicóptero, que opera apenas durante o dia, e que efetuou 55 descargas de água.

O fogo deflagrou inicialmente na quarta-feira, cerca das 18:00, na freguesia dos Prazeres, concelho da Calheta, na zona oeste da ilha da Madeira, tendo alastrado durante a noite à freguesia contígua da Fajã da Ovelha e, posteriormente, às freguesias da Ponta do Pargo e das Achadas da Cruz, esta já no concelho do Porto Moniz, onde lavra agora com mais intensidade.

No caso da Calheta, e segundo o presidente do município, mais de metade do concelho ardeu desde que o fogo começou. “Números avançados pela Proteção Civil indicam que já arderam 70 quilómetros quadrados do concelho. O concelho tem 116 quilómetros quadrados, já ardeu mais de metade”, disse Carlos Teles, frisando que esta é uma situação que “está sempre a evoluir”.

Durante a tarde, deflagrou outro incêndio no concelho de Câmara de Lobos, contíguo ao Funchal a oeste, numa área florestal, no sítio da Vera Cruz, freguesia da Quinta Grande, que permanece ativo.

Pedro Ramos disse que no Porto Moniz houve oito atendimentos relacionados com os fogos.

“Um utente com queimaduras que foi reencaminhado para o Hospital Dr. Nélio Mendonça [no Funchal], três utentes que manifestavam alguma ansiedade e foram tratados perante essa situação, ainda a situação de um bebé por inalação de fumo e ainda mais três situações ligeiras”, explicou.

Uma casa devoluta e outra não habitada foram destruídas pelas chamas na Calheta, sendo que as autoridades procederam hoje à retirada de 40 utentes de um lar de idosos, no concelho do Porto Moniz, e encerraram uma escola na freguesia da Fajã da Ovelha, bem como o centro de saúde da localidade e a casa do povo.

O centro de saúde da freguesia das Achadas da Cruz também foi encerrado, ao passo que na quarta-feira foram retirados 120 hóspedes de um hotel na freguesia dos Prazeres, que pernoitaram no pavilhão gimnodesportivo da localidade e hoje foram encaminhados para outro hotel.

Embora não tenha sido mencionado no balanço apresentado pelo secretário da Saúde e Proteção Civil, a Câmara Municipal da Calheta indicou, em edital, que “muitos residentes” foram forçados a abandonar as suas casas “em busca de segurança”, tendo sido ativada a situação de alerta e o Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil.

Pedro Ramos indicou que o combate aos incêndios mobilizou todas as corporações de bombeiros da ilha da Madeira, sendo que o fogo no concelho da Calheta envolve 84 operacionais e 26 meios, o do Porto Moniz 26 operacionais e 11 meios e o de Câmara de Lobos 17 operacionais e cinco meios.

De acordo com o governante, a equipa de 55 elementos disponibilizada pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, que chega na sexta-feira à região, ficará instalada no Regimento de Guarnição N.º 3, no Funchal.

Pedro Ramos referiu ainda que já foi identificado um suspeito de ter ateado um fogo no concelho da Calheta.

Madeira declara situação de contingência

O Governo da Madeira declarou hoje a situação de contingência devido aos incêndios que lavram na região, ativando, assim, o Plano Regional de Emergência de Proteção Civil, anunciou o Serviço Regional de Proteção Civil.

“Tendo em conta as dimensões e duração dos incêndios que deflagram na Região Autónoma da Madeira e considerando que foram ativados dois planos municipais, Calheta e Porto Moniz, foi emitida pelo secretário regional de Saúde e Proteção Civil declaração de situação de contingência, a qual ditou a ativação automática do Plano Regional de Emergência de Proteção Civil da Região Autónoma da Madeira”, lê-se numa nota enviada às redações.

O comunicado indica que foram acionadas às 21:00 de hoje “as estruturas de coordenação política e institucional, nomeadamente a Comissão Regional de Proteção Civil, presidida pelo secretário regional de Saúde e Proteção Civil, Pedro Ramos, assim como o Centro de Coordenação Operacional Regional, coordenado pelo Comandante Operacional Regional, Marco Lobato, de modo a garantir a unidade de direção e o controlo permanente da situação”.

O Plano Regional de Emergência de Proteção Civil “define as regras de orientação para as ações de prevenção e resposta operacional, bem como uma adequada articulação e coordenação dos agentes de Proteção Civil e dos organismos e entidades de apoio a empenhar nas situações de emergência que podem resultar em acidentes graves ou catástrofes afetando populações, património edificado, ambiente e atividades socioeconómicas”, é ainda referido na nota.

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