O lateral-esquerdo português disse adeus ao OFI com hat-trick, na melhor prova possível de que ainda tem muito a dar. Na Grécia ou até... em Portugal
Um lateral a despedir-se com um hat-trick:Aconteceu com Milhazes, no OFI, da Grécia: na última partida pelo clube de Creta
«Tinha dito ao meu treinador, antes do jogo, que ia fazer dois golos na despedida. Ele começou a rir-se, mas depois da partida, disse-me: “afinal foram três!”. Estava confiante que ia conseguir, foi bom…», contou Milhazes, à Maisfutebol Total
Milhazes começou a partida a extremo. «Isso ajudou, mas o jogo correu bem. Marquei um golo num lance na diagonal. Os outros dois foram de penálti. No OFI fui o marcador dos livres e dos penáltis», acrescentou.
Oficialmente, foi o primeiro «hat-trick» da carreira (já longa) de Milhazes. Mas ele explica que não é bem assim: «Quando jogava no Rio Ave, estávamos na II Liga, fiz três golos ao Freamunde, num jogo que terminou em 4-3, mas um dos golos foi atribuído ao Evandro...»
No OFI desde o início da época 13/14, vindo dos cipriotas do ENP, Milhazes trocou de clube. Assinou pelo Levadiakos, 14.º classificado da liga grega, por um ano e meio, e já poderá estrear-se esta quarta, no reduto do Panathinaikos.
«Em Portugal, um jogador com mais de 30 anos já se é considerado velho. Mas felizmente tenho tido boas propostas aqui na Grécia. As pessoas do Levadiakos mostraram-se muito interessadas e têm-me tratado muito bem», apontou o lateral.
«Quero jogar até aos 40!»
Milhazes tem 33 anos, assinou por ano e meio com o seu novo clube, mas sente-se em condições de jogar «até aos 40».
«Gostava de terminar a carreira no Varzim, o meu clube, mas até lá ainda quero dar muito. Quero jogar até aos 40!», insistiu.
Na conversa com a Maisfutebol Total
Viver na Grécia em tempos difíceis
Mesmo em anos economicamente tão difíceis, Milhazes gosta de viver na Grécia: «Gosto do dia a dia aqui, o clima é bom, as pessoas são simpáticas. Tenho aqui a minha família. Só é pena não podermos falar português, quase ninguém percebe…»
Os clubes gregos têm-se ressentido da crise que afeta a economia grega. Mesmo assim, Milhazes destaca o facto de «os gregos gostarem muito de futebol».
O Levadiakos é um clube que se situa «a cerca de uma hora de Atenas, numa zona mais montanhosa», conta Milhazes, já ansioso por se estrear frente ao Panathinaikos.
O amigo Gattuso
Foi um natal dificil para os jogadores do OFI. Com ordenados em atraso, os problemas financeiros acumularam-se. Gattuso, antigo craque italiano, foi treinador do OFI em 2014, demitiu-se no final do ano, mas até lá ajudou muito os jogadores. «Ainda hoje, me liga várias vezes ao dia, brinca comigo. É muito meu amigo e gosto muito dele», conta Milhazes.
A Seleção, porque não?
Em bom momento de forma, Milhazes não esconde uma ambição: chegar à Seleção nacional. «Sei que o mister Fernando Santos tem feito apostas diferentes e tem chamado jogadores já acima dos 30 anos... Temos bons laterais esquerdos em Portugal, mas... quem sabe o selecionador ainda vai lembrar-se de mim?»
Especialmente atento ao que se passa no futebol luso, Milhazes não se admira com o sucesso do Rio Ave, clube que conhece bem (jogou em Vila do Conde entre 2005 e 2008): «É um clube com uma boa estrutura, que tem feito um bom trabalho nos últimos anos. Fiquei contente por ver o Rio Ave nas provas europeias».