Filipe Oliveira «contente» com os elogios de Zola e Ranieri

27 jul 2002, 20:06

Um português de 18 anos a brilhar em Londres Fez dois golos em quatro dias e está a um passo de integrar o plantel principal do Chelsea.

Filipe Oliveira. Se o nome ainda nada lhe diz, trate de o fixar, porque Claudio Ranieri, o treinador do Chelsea, não o esquece tão cedo. O português, que chegou incógnito a Londres, deixando as Antas para trás, vai no segundo golo em quatro dias. Capitaliza fama e deixa Gianfranco Zola boquiaberto. Carinhosamente, o italiano, com do dobro da idade de Filipe, chama-lhe filho, confessando-se impressionado.

Depois do estágio de oito dias em Rocaporena, em Itália, Filipe vive, aos 18 anos, um sonho em Londres. Ranieri até admite a hipótese de o português ser absorvido pelo plantel principal. Disse-o recentemente. «E ele nem é muito de elogiar os jogadores», conta e ri, nervosamente, o avançado. «Eu estou contente, isso é óbvio». Não dá, contudo, o objectivo por conseguido.

Depois de um golo fantástico, com o Oxford por adversário, Filipe voltou hoje a marcar. Fez o segundo de três golos do Chelsea, frente ao Portsmouth. «Não foi tão bom como o outro», advertiu, antes de tentar uma descrição mais ou menos rigorosa. «Foi uma tabelinha, julgo que já na área. Recebi, rematei e marquei». Entrara apenas na segunda parte, numa das oito substituições a que Ranieri procedera ao intervalo.

O golo de quarta-feira fora bem melhor, justificara o aplauso colectivo, da crítica aos intérpretes do encontro. «Recebi a bola do médio», conta Filipe. «Fiz a rotação e, a cerca de 22 metros da baliza, rematei». A breve interrupção do discurso reconstituía, sem premeditação, o suspense gerado no lance. Rematou forte e sem hipóteses?, pediu o jornalista que precisasse. Uma suave risada antecedeu o final do relato: «Parece que sim».

Contente mas não vaidoso

Zola, de quem se admite a hipótese de terminar a carreira no final da época, já com 36 anos, foi o primeiro a elogiar publicamente Filipe Oliveira. Não se esqueceu dos outros jovens chamados por Claudio Ranieri, mas ao português chamou «filho», talvez sugestionado pela diferença de idades. «As palavras dele significam muito para mim», assume Filipe. «Não vou ficar vaidoso, mas fico contente».

Nos treinos, nos jogos, Filipe quase não pode acreditar que acaba de receber a bola dos pés de Desailly, que Petit o procurou com o olhar ou que tem Zola a seu lado, a preparar a desmarcação. Por vezes, sente necessidade de se beliscar. «Eles são do melhor que há, estão no top mundial». Não se encolhe, contudo. «Acabo por me sentir bem na presença deles», confessa. «Eles dão força aos mais novos. São pessoas simples e põem-nos ao nível deles».

Impressiona em Londres, está a um passo de se tornar uma estrela, mas não há maneira de abdicar dos estudos. Quando chegou a Stamford Bridge, para a equipa B, colocou a questão aos responsáveis do Chelsea, que contrataram explicadores particulares para o português, que cedo percebeu não ter qualquer hipótese de fazer os exames nacionais. Através do ensino recorrente, pretende agora cumprir as provas em quatro fases e, se tudo correr bem, completar o 12º ano, porque não descansa enquanto não entrar para a Universidade. A experiência, ri de novo Filipe, «está a ser óptima».

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