É impossível a censura durar “para sempre”, defende livro com ensaios de investigadores portugueses e espanhóis

Agência Lusa , DCT
14 jan, 15:39
Livro

Ao longo de 260 páginas, o livro tem textos de Alberto Arons de Carvalho, sobre a censura prévia na ditadura de Salazar, a censura e a propaganda na RTP durante o Estado Novo, de Francisco Rui Cádima, ou ainda da jornalista Carla Baptista, sobre a história do BAC (Boletim Anticolonial), publicado em 1972 e 1973, ainda durante a ditadura.

A censura nas ditaduras está condenada porque é impossível esconder “para sempre” as verdades incómodas ou inconvenientes, de acordo com o livro “Média e Jornalismo em Tempos de Ditadura”.

A conclusão é dos dois coordenadores da obra – Pedro Marques Gomes e Suzana Cavaco – no livro que reúne ensaios de investigadores de Portugal e Espanha sobre o fenómeno da censura nos dois países, que viveram em ditadura na segunda metade do século XX.

O denominador comum dos estudos, escrevem os dois organizadores, aponta para a “necessidade que as ditaduras têm de vedar o acesso do povo à verdade incómoda e inconveniente” e daí “silenciaram-se certas pessoas, assuntos e factos enquanto se deu relevo a outros”.

Em jeito de conclusão, quer se trate de “‘verdades racionais’ quer de ‘verdades de facto’”, citando Hanna Arendt, as ditaduras “não as poderão ocultar ou substituir [às informações] para sempre” ou “pelo menos, não tanto quanto desejariam”.

“Média e Jornalismo em Tempos de Ditadura – Censura, Repressão e Resistência” tem a edição da Âncora Editores em parceria com a Fundação Mário Soares, e trata as formas de censura das ditaduras, em Portugal e Espanha, recorrendo a ensaios de 11 investigadores dos dois países.

Ao longo de 260 páginas, o livro tem textos de Alberto Arons de Carvalho, sobre a censura prévia na ditadura de Salazar, a censura e a propaganda na RTP durante o Estado Novo, de Francisco Rui Cádima, ou ainda da jornalista Carla Baptista, sobre a história do BAC (Boletim Anticolonial), publicado em 1972 e 1973, ainda durante a ditadura.

Sobre Espanha escrevem Concha Langa Nuño, sobre a perseguição de jornalistas contra jornalistas durante os anos do franquismo, e Clara Sanz-Hernando, sobre o semanário ‘La Hoja del Lunes de Badajoz’, fundado em 1924 e teve o seu “máximo apogeu” durante o regime de Franco.

A obra é coordenada por Pedro Marques Gomes, professor na Escola Superior de Comunicação Social, em Lisboa, e investigador da Fundação Mário Soares, e Susana Cavaco, professora da Faculdade de Economia da Universidade do Porto e coordenadora do grupo de trabalho História da Comunicação Social da Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação.

A apresentação do livro está prevista para segunda-feira, no cinema São Jorge, em Lisboa, pela historiadora Irene Pimentel e pelo jornalista Carlos Albino (ex-DN), e está integrada na pré-programação do 5.º congresso dos jornalistas, que se realiza entre 18 e 20 de janeiro.

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