Famalicão-Sporting, 0-1 (crónica)

Ricardo Jorge Castro , Estádio Municipal de Famalicão, Famalicão
16 abr, 22:24

Pote resgata a fama no caminho para o título

Quem quer ser campeão, tem de passar por jogos destes. Sofridos. Não tão espetaculares.

Em Famalicão, Pedro Gonçalves teve a fama no meio da alta tensão.

O leão tirou, por fim, o proveito total de nova visita a Norte, numa noite difícil.

E o Sporting deu um passo gigante rumo ao título.

Sétima vitória seguida na Liga (15 nas últimas 16 jornadas). E sete pontos de vantagem na liderança.

Depois da goleada confortável em Barcelos, na sexta-feira, um golo de Pote, aos 20 minutos, foi ouro para o leão. O teste exigente e complicado no acerto de calendário, ao fim de 73 dias, teve acerto no pé direito do ex-Famalicão, confirmando a liderança e sete pontos a mais face ao Benfica, antes das últimas cinco jornadas. Há, cada vez mais, via verde para o título.

O Sporting venceu, mas a diferença final espelha o que foi, não só a complexidade de um jogo num momento decisivo e alguma ansiedade, mas também falta de objetividade ofensiva do Sporting em alguns momentos. Mérito também do Famalicão, que acabou ferido - e apanhado descompensado - após uma recuperação do Sporting a meio-campo: com Daniel Bragança ficou com a bola vinda de Puma, Nuno Santos lançou Gyökeres e este tocou para Trincão assistir para o golo de Pote.

É verdade que Franco Israel não foi obrigado a fazer uma defesa, mas o Famalicão complicou muito a vida ao Sporting - fez pela sua - e o resultado ficou em aberto até ao fim. E isso não deixou o leão confortável em absoluto. Ao longo do jogo, Amorim foi o espelho de alguma insatisfação com algumas opções. Fosse na saída a jogar, no aproveitar de espaços ou na verticalidade necessária. Ou até no simples nervosismo, que na parte final cresceu...

Mas se este Sporting, que está cada vez mais perto do título, foi uma máquina trituradora em goleadas como ao Casa Pia, ao Sp. Braga, ao Boavista ou ao Gil Vicente, foi também coração, trabalho, esforço e sofrimento em Famalicão com este 1-0. A mostrar que o caminho para um título também passa por jogos como estes.

O Sporting repetiu o resultado da primeira volta e ficou-se por um só golo em jogos da Liga pela primeira vez desde a derrota no dérbi na Luz e pela quarta vez em 29 jornadas. A outra foi no empate em Braga.

Com Hjulmand e Nuno Santos de volta após castigo, Amorim também fez voltar Coates à defesa. Já Armando Evangelista, vindo de duas vitórias e um empate no Dragão desde que assumiu o comando técnico, fez voltar Riccieli e Chiquinho após castigo e colocou Aguirregabiria na vez do castigado Francisco Moura.

Desde cedo o leão assumiu a bola. Instalou-se no meio-campo ofensivo, mas teve alguma dificuldade em encontrar espaços. Só aos 13 minutos (azar de uns, sorte de outros), Hjulmand desbloqueou pelo meio e Daniel Bragança viu o ferro negar-lhe um golaço.

O Sporting circulava a bola, mostrava uma cara paciente. De quem não tinha pressa para chegar lá à frente, até que... até que uma recuperação originou uma saída rápida concluída por Pote perante Luiz Júnior.

Se a paciência compensou, o sofrimento também viria a compensar mais lá à frente. O Sporting, mais do que dominar, controlou quase toda a primeira parte e o Famalicão só deu um ar da sua graça a partir do minuto 39, com alguma aproximação à área leonina. Chiquinho, de livre, rematou pouco por cima e obrigou Diomande ao erro e o cartão amarelo ao central (além de outro lance arriscado pouco depois), levou Amorim a lançar Eduardo Quaresma para a segunda parte.

Esta foi bem mais dividida e foi nela que o Sporting foi adiando o conforto no jogo. Com isso, o Famalicão alimentou esperanças em anular a desvantagem. Gyökeres teve um par de lances em que desequilibrou pela esquerda, mas o leão esteve longe do poder de fogo de tantos outros jogos e voltou a ficar em branco. Do outro lado, Topic ensaiou o remate, que passou pouco por cima (58m).

Amorim lançaria depois Esgaio, Morita e Paulinho para os 20/25 minutos finais, com Evangelista a apostar em Sorriso e Filipe Soares para dar mais frescura e soluções na frente. O Sporting teve no pé esquerdo de Nuno Santos e depois no de Morita o 2-0, mas houve falta de pontaria… e houve emoção até ao fim com a diferença mínima. O Famalicão acabou por não fazer um remate enquadrado, mas acabou com várias aproximações à área e uma saída de Franco Israel e dois alívios de Sebastián Coates acabaram por ser decisivos para afastar o perigo e evitar o potencial empate.

O leão sofreu, mas venceu. Tirou, mais do que a fama, o proveito. E está com caminho mais aberto para o título.

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