FC Porto-Rio Ave, 1-0 (crónica)

Vítor Hugo Alvarenga , Estádio do Dragão, no Porto
18 fev 2023, 22:31

Dragão segue pouco formoso e inseguro

O FC Porto superou mais uma etapa num ciclo exigente de jogos, em diferentes competições. Toni Martínez garantiu os três pontos na receção ao Rio Ave (1-0) e o dragão segue na perseguição ao líder Benfica, embora tenha assinado uma exibição relativamente modesta neste sábado.

13 dias após o duelo com o Vizela (2-0) e vinda de um imperial triunfo em Alvalade, a equipa de Sérgio Conceição voltou a patentear dificuldades perante os seus adeptos. Tal como no anterior jogo caseiro, o objetivo principal foi garantido sem ponta de nota artística. Foi  um FC Porto pouco formoso e inseguro, a depender da margem mínima até final, aquele que ainda assim somou mais uma vitória - a 10.ª consecutiva - na sua caminhada.

Quando Boateng cabeceou incrivelmente ao lado da baliza portista, já ao minuto 90+6, o silêncio no Estádio do Dragão foi ensurdecedor. Seguiu-se uma demonstração de alívio e satisfação pelo apito final.

FICHA DE JOGO

Para a história fica o resultado e a pressão transita para o Benfica, que tem agora a formação azul e branca a apenas dois pontos de distância, antes de entrar em campo.

Honra seja feita ao Rio Ave. O FC Porto teve um obstáculo perigoso pela frente. Depois da vitória no clássico de Alvalade e antes da viagem a Milão para defrontar o Inter, para a Liga dos Campeões, a equipa de Sérgio Conceição reencontrou um adversário de má memória para os dragões.

O técnico azul e branco, aliás, fez questão de recordar a péssima exibição azul e branca na primeira volta da Liga, em Vila do Conde, quando o Rio Ave garantiu um triunfo inequívoco por 3-1.

«Não é difícil fazer um bocadinho melhor do que em Vila do Conde», atirou Conceição, na véspera do encontro deste sábado.

Fazer melhor, sim, mas fazer o suficiente ao longo da etapa inicial tornou-se mais complicado do que aquilo que o treinador do FC Porto certamente desejaria.

Enorme mérito para Luís Freire na forma como dispôs o Rio Ave no relvado do Estádio do Dragão, com um 3x5x2 que garantiu superioridade para a sua equipa no setor intermediário, evidente na primeira meia-hora de jogo.

João Graça e André Pereira, autores dos golos do triunfo frente ao Estoril, saltaram para o onze e contribuíram para esse ascendente – a expressão não encerra qualquer ponta de exagero – da formação visitante durante largos período da equipa inicial. O registo de 3-5 em remates na primeira parte confirma essa impressão.

Ora Sérgio Conceição, vendo a sua equipa sem ligação entre os setores, chamou ao minuto 34 Pepê e Taremi para reajustar a estratégia. O iraniano colou-se a Toni Martínez na frente, o brasileiro teve a preocupação de derivar da esquerda para o centro, surgindo nas costas dos avançados, à frente do losango.

Por essa altura, refira-se, o Rio Ave já tinha colocado Diogo Costa em sentido. André Pereira teve um golo anulado por fora de jogo de Boateng (23m), Samaris rematou de livre para defesa apertada do guarda-redes do FC Porto (29m) e Guga desferiu um pontapé inesperado de fora da área para intervenção ainda superior do internacional português (31m).

Os dragões melhoraram com a alteração delineada por Conceição, é certo, mas o golo de Toni Martínez, em cima do intervalo, surgiu de surpresa, uma dádiva para os campeões nacionais e para o espanhol, precisamente um dos menos inspirados do lado portista na etapa inicial e precisamente o homem que tinha apontado o tento de honra dos dragões em Vila do Conde, na primeira volta.

Wendell recebeu a bola no flanco esquerdo e cruzou em esforço, rasteiro, para Toni Martínez, que surgiu com oportunismo ao primeiro poste para um desvio com classe para o fundo da baliza (44m). A alegria portista nos pés de duas das três novidades no onze do FC Porto. Stephen Eustáquio foi a outra.

Os dragões respiraram de alívio com a vantagem no primeiro remate enquadrado com a baliza e prometeram outra postura na etapa complementar, com uma entrada a um ritmo interessante, mas o efeito passou rapidamente e foi o Rio Ave a ficar muito perto do empate, ao minuto 58, quando Boateng rematou às malhas laterais, a passe de João Graça.

Luís Freire sentiu que o jogo estava em aberto e fez dupla alteração à entrada para a última vintena de minutos, trocando João Graça e André Pereira por Miguel Baeza e Leonardo Ruiz. Sérgio Conceição respondeu com Zaidu e Gonçalo Borges nos lugares de Wendell e Taremi.

Foi novamente a equipa de Vila do Conde a criar perigo, quando Diogo Costa chocou com Zaidu numa saída da baliza – depois de ter sido assistido – e deixou a bola ao alcance de Leonardo Ruiz, que cabeceou fraco, para corte da defensiva portista (75m).

Ao cair do pano, após lance tremendo de Pepê, Danny Namaso falhou o 2-0 (88m) e seria Boateng, já em período de compensação, a desperdiçar de forma incrível o empate, cabeceando sem oposição ao lado da baliza azul e branca (90+6m).

E assim, sem alterações no marcador, o FC Porto festejou mais um triunfo suado num ciclo exigente. É isso que fica para a história.

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