A arte de bem servir
Para ultrapassar o Desportivo de Chaves antes do clássico o Benfica tirou proveito da arte de bem servir.
É verdade que os golos (quase) nunca devem ser vistos como obras de autor único, mas os tentos do encontro da Luz (sobretudo os três primeiros) mostram que o passe pode ser tão ou mais meritório, e uma imagem deste Benfica de Bruno Lage é a forma elegante com que procura servir os momentos de festa.
O primeiro golo foi apontado por Rafa, mas não deixa de fazer sentido dizer que o triunfo começou na crença de João Félix, o único a acreditar que havia algo a fazer perante um cruzamento largo de Pizzi. Depois, com alguma felicidade, a bola sobrou para conclusão de Rafa, que deixou o devido agradecimento ao colega (19m).
É justo dizer que, por essa altura, o Benfica não tinha justificado a vantagem. Até aí tinha sentido dificuldade para contornar a organização defensiva do Chaves, que já tinha obrigado Vlachodimos a fazer duas defesas (Rúben Macedo serviu um cabeceamento perigoso de Platiny e depois testou a atenção do guarda-redes grego).
A partir daí é que a superioridade do Benfica deixou de ser apenas territorial, e até ao intervalo a equipa encarnada marcou mais dois golos. Depois da participação especial no primeiro golo, João Félix foi o autor do segundo tento, ao minuto 37, mas também aí importa destacar o passe de Seferovic, ainda que ao suíço não possa ser creditada a assistência, já que o colega só marcou na recarga.
No terceiro golo, aí sim, o mérito de quem fez o passe pode ser estatisticamente reconhecido, e bem que o passe de Gabriel para Seferovic justifica. O suíço rematou já em desequilíbrio, mas ainda conseguiu fazer o tento que o isola na liderança da lista de melhores marcadores.
Na segunda parte o ritmo foi mais baixo, como seria de esperar. De triunfo na mão, o Benfica teve a possibilidade de gerir o jogo a pensar no clássico com o FC Porto, do próximo sábado. Ainda assim foi criando oportunidades para o quarto tento, algo que António Filipe foi adiando, mas (parafraseado Bruno Lage) Jonas está sempre doido por marcar, e foi ele a confirmar a goleada.
O Benfica volta a colocar-se a um ponto da liderança, que vai discutir ao Dragão já daqui a cinco dias.
