Jardim e o jogo de Dortmund: «Não era possível outra data»

13 abr 2017, 17:57
Leonardo Jardim (Reuters)

Treinador português destacou a atitude de todos os intervenientes no jogo de quarta-feira

Leonardo Jardim destacou o comportamento de todos os intervenientes no embate entre o Borussia Dortmund e o Monaco, desde as equipas, aos árbitros, até aos adeptos, em conferência de imprensa, a lançar a receção ao Dijón, jogo da liga francesa marcado para o próximo sábado. O treinador português considera que a sua equipa também acabou por ser afetada pelos acontecimentos, mas não concorda com Thomas Tuchel quanto à decisão da UEFA de adiar o jogo logo para  dia seguinte.

Uma estadia prolongada na Alemanha, uma vez que, como se sabe, o jogo da Liga dos Campeões estava inicialmente marcado para terça-feira, mas acabou por ser adiado para o dia seguinte na sequência do atentado ao autocarro da equipa alemã. Um adiamento que acabou por interferir no planeamento da equipa francesa que volta já a jogar este sábado. «Todos os jogos da Liga dos Campeões, não apenas este, provocam grande fadiga. Os jogadores dão mais de cem por cento neste tipo de jogos e é difícil recuperar. Nesta altura jogamos em três tabuleiros com um calendário sobrecarregado», começou por destacar o treinador português.

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A recuperação física será, assim, essencial, até porque o adversário do líder da liga francesa gosta de jogar em contra-ataque. «Vamos ter de fazer um grande trabalho de recuperação para podermos lutar pelos três pontos frente ao Dijón, uma equipa que joga em contra-ataque, com jogadores muito rápidos na frente. Não os podemos deixar jogar como eles mais gostam de jogar», prosseguiu.

Na memória de todos está ainda a vitória de Dortmund e as palavras de Thomas Tuchel no final do jogo, acusando a UEFA de ter imposto o jogo no dia a seguir ao ataque. «Vocês já me conhecem, não tenho por hábito comentar os assuntos dos outros. Posso falar do que se passou do nosso lado. O jogo foi cancelado pelos acontecimentos, toda a gente estudou o calendário e constatou que não era possível outra data. Não podíamos jogar na sexta-feira, por exemplo, tendo um jogo marcado para sábado. Precisamos de dois dias de recuperação, no mínimo, entre dois jogos. As duas equipas, os árbitros e os adeptos mostraram uma atitude formidável, essa é a minha opinião», atirou.

E se tivesse sido ao contrário? E se fosse o Monaco a sofrer um ataque? «É fácil falar no lugar dos outros, mas não tenho esse hábito. O impacto mediático da situação também afetou a nossa equipa. Muitos familiares dos nossos jogadores falaram do que se passou nos respetivos países, na Polónia, em Portugal, na Croácia, também ficaram inquietos. Os nossos jogadores também perderam a concentração. É importante e positivo que este ataque não tenha feito vítimas. A vida deve continuar, é mesmo assim. O futebol e a vida não vão parar», comentou.

E como é que Jardim reagiu quando soube que o jogo ia realizar-se no dia seguinte, às 17h45? «A primeira decisão foi irmos treinar, logo naquela tarde. O treino é sempre um momento importante onde o grupo se encontra. Depois, como sabia que os jogadores iam falar com os respetivos familiares e se iam deitar tarde, dei folga a todos até ao meio-dia seguinte. Anulei o pequeno-almoço obrigatório. Foi a nossa estratégia para recuperar», confidenciou.

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A verdade é que o Borussia entrou mal no jogo e só conseguiu melhorar na segunda parte, mas Jardim não relaciona a exibição dos alemães com o que aconteceu na véspera, mas sim com as alterações promovidas por Thomas Tuchel. «No futebol não há forçosamente uma explicação para cada coisa, boa ou má. Na minha perspetiva, o Monaco fez uma grande primeira parte. Depois, o Dortmund teve uma bela reação, com as alterações que fez [Sahin e Pulisic entraram na segunda parte], mudou o jogo. O estado psicológico é uma coisa, mas as substituições e a pressão dos adeptos, também é importante», referiu.

Jardim deverá gerir o plantel agora para o jogo de sábado, mas apenas o essencial, uma vez que o treinador do Monaco considera que os jogos em casa vão ser decisivos na luta pelo título. «Talvez faça alterações. Vamos precisar de uma equipa de alto nível para bater o Dijón. Os quatro jogos que vamos fazer em casa vão ser muito importantes para sermos campeões, é em casa que se ganham títulos», comentou ainda.

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