Incêndio na ilha espanhola de La Palma reativou-se durante a tarde e já obrigou à retirada de mais de 4.200 pessoas

Agência Lusa , BCE
16 jul 2023, 17:51
Incêndio em La Palma (AP)

O incêndio resulta de uma vaga de calor que está a atingir outras regiões do continente europeu, nomeadamente Itália, onde as previsões apontam para temperaturas que podem atingir os 40.ºC

O incêndio que está a deflagrar no noroeste da ilha espanhola de La Palma desde sábado, cuja evolução durante a noite foi favorável, reativou-se na parte alta do município de Tijarafe, e os bombeiros trabalham para impedir que se consolide.

Citado pela agência noticiosa EFE, o diretor de operações de combate ao incêndio, Rafael García, disse que as próximas horas são críticas, porque existe a preocupação de uma possível mudança de vento em altitude que pode gerar problemas se a reativação do fogo se consolidar.

Os 11 meios aéreos que estão a trabalhar desde sábado para extinguir o incêndio que começou em Puntagorda (La Palma) lançaram um total de 352.000 litros de água sobre as chamas, acrescentou.

Segundo o governo das Canárias, foram retiradas até agora 4.255 pessoas dos municípios de Tijarafe e Puntagorda e, no total, o incêndio consumiu cerca de 4.675 hectares, de acordo com o perímetro de satélite da NASA realizado na noite do incêndio.

O incêndio de La Palma resultou de uma vaga de calor, que atinge outras regiões do continente europeu, onde os especialistas acreditam que o aquecimento global está a progredir ao dobro do ritmo da média mundial, atingindo vários países de forma mais intensa.

Em Itália, 16 cidades estão em alerta vermelho em todo o país, com temperaturas que deverão atingir os 36/37°C, mas que se sentem perto dos 40.

Independentemente do calor, de acordo com a gendarmeria do Vaticano, 15.000 peregrinos e turistas afluíram este domingo à praça de São Pedro para ouvir o papa Francisco recitar a oração do Angelus.

Entre eles estava François Mbemba, um padre democrático-congolês de 29 anos, que disse que o calor se prolonga pela noite dentro.

“Temos dificuldade em dormir. E como estamos vestidos de preto, estamos a suar imenso. "É difícil adaptarmo-nos. É mais quente do que em África, na República Democrática do Congo", diz.

Este domingo, a agência meteorológica espanhola emitiu um alerta laranja para segunda-feira, advertindo para temperaturas de 38° a 42° em grandes áreas da península e das ilhas Baleares, um alerta vermelho (perigo extremo) na segunda-feira em partes da Andaluzia, e na terça-feira em Aragão, Catalunha e Maiorca (42° a 44°).

Na Grécia, onde se prevê uma ligeira descida das temperaturas, a Acrópole de Atenas esteve hoje encerrada ao público, entre as 13:00 e as 17:00 locais. As autoridades locais apelaram à prudência do público e alertaram para o elevado risco de incêndios.

Nos Estados Unidos, da Flórida (sudeste) à Califórnia (oeste) passando pelo Texas (sul), uma grande parte do sul dos Estados Unidos continuou hoje a registar uma vaga de calor descrita como "opressiva" pelos serviços meteorológicos, que preveem vários recordes de temperatura.

No célebre vale da Morte, na Califórnia, o termómetro subiu para 51°C no sábado à noite, enquanto se esperam 54°C para este domingo.

Ainda no continente americano, concretamente no Canadá, mais de 10 milhões de hectares já arderam este ano, um total muito superior a qualquer outro que o país já tenha visto, segundo uma avaliação que permanece provisória, com 906 incêndios ainda ativos no sábado, 570 dos quais considerados fora de controlo, de acordo com os dados nacionais do Centro Interagências Canadiano de Incêndios Florestais (CIFFC).

O calor é um dos fenómenos meteorológicos mais mortíferos, como recordou recentemente a Organização Meteorológica Mundial.

No verão passado, só na Europa, as temperaturas elevadas causaram mais de 60 mil mortes, segundo um estudo recente.

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