Sócrates diz que foi António Costa quem lhe apresentou Manuel Pinho

20 out 2023, 22:26
José Sócrates na chegada ao Campus de Justiça, para ser ouvido pela juíza Margarida Alves sobre viagens ao Brasil (José Sena Goulão/ Lusa)

José Sócrates acusa José Maria Ricciardi de repetir "a mesma patranha" há dez anos

Na sequência das acusações feitas esta sexta-feira em tribunal por José Maria Ricciardi, a TVI obteve uma reação de José Sócrates, com o antigo primeiro-ministro a afirmar que o banqueiro "repete há 10 anos a mesma patranha" - é esta a expressão usada -,  segundo a qual Sócrates era próximo de Ricardo Salgado. Diz o ex-governante que até ser primeiro-ministro esteve com Salgado uma vez e que nunca tiveram qualquer intimidade.

Sócrates esclarece que não conheceu Manuel Pinho através de Salgado, logo nao poderia ter sido o patrao do BES a sugerir a nomeação do então ministro da Economia. 

Sócrates revela que quem o apresentou a Pinho foi o atual primeiro-ministro António Costa, num encontro casual no final de um jogo do Euro 2004.

A reforçar o que diz ser uma mentira de Ricciardi, Sócrates esclarece que já antes da sua liderança Manuel Pinho colaborava com o Partido Socialista.

Ricciardi disse que Ricardo Salgado impôs Manuel Pinho no Governo de Sócrates

Hoje, o antigo administrador do BES Investimento José Maria Ricciardi disse em tribunal que o ex-presidente do Grupo Espírito Santo (GES), Ricardo Salgado, influenciou Sócrates a levar Manuel Pinho para o Governo em 2005.

Ouvido como testemunha na quinta sessão do julgamento do Caso EDP, em Lisboa, o antigo administrador do BES revelou que Salgado lhe disse que tinha estado na origem da ida de Pinho para o executivo, assegurando que o ex-presidente do GES tinha “uma relação íntima” com Sócrates.

“Mais tarde comunicou-me pessoalmente a mim que ele, Ricardo Salgado, tinha tido interferência na ida dele [Manuel Pinho] para o Governo", disse José Maria Ricciardi, primo de Ricardo Salgado, acrescentando que “[Quem exerceu influência] foi Ricardo Salgado sobre o [então] primeiro-ministro, José Sócrates… Para ministro da Economia”.

Depois de ler estas declarações, José Sócrates afirmou detestar “o convívio com tal personagem”, pelo que diz sentir-se na “necessidade de o desmentir agora” como o desmentiu ao longo dos últimos dez anos.

“Nunca fui próximo de Ricardo Salgado e até ser primeiro-ministro estive uma única vez com ele, quando era ministro do Ambiente e o recebi, a seu pedido, no ministério. Nunca mais o vi até ser primeiro-ministro. Não era seu amigo, não tínhamos amigos comuns, não frequentámos os mesmos círculos sociais”, disse Sócrates, alegando tê-lo provado no processo marquês em 2014.

“Não tinha o seu telefone nem sabia onde morava”, pelo que “o senhor Ricciardi mentiu ao tribunal”, concluiu.

José Sócrates foi acusado no processo Operação Marquês pelo MP, em 2017, de 31 crimes, designadamente corrupção passiva, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e fraude fiscal, mas na decisão instrutória, em 2021, o juiz Ivo Rosa ilibou o ex-primeiro-ministro de 25 dos 31 crimes, pronunciando-o para julgamento por três crimes de branqueamento de capitais e três de falsificação de documentos.

No caso EDP, Manuel Pinho, em prisão domiciliária desde dezembro de 2021, é acusado de corrupção passiva para ato ilícito, corrupção passiva, branqueamento e fraude fiscal.

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