O fim do tabu. Jornalistas reúnem-se em congresso para discutir (entre outras coisas) o financiamento dos media: "O debate sobre o papel do Estado é fundamental"

17 jan, 22:00
Lucília Gago, procuradora-geral da República (Lusa/ José Sena Goulão)

O 5º Congresso dos Jornalistas acontece sob o signo da crise: as empresas de comunicação enfrentam problemas financeiros, as condições laborais degradaram-se, os cidadãos não parecem dispostos a pagar pelo jornalismo que consomem. São cada vez mais as vozes que perguntam: se o jornalismo não é um negócio mas é um serviço essencial para a democracia, porque é que não é apoiado pelo Estado?

Estamos a meio de janeiro e os jornalistas do Diário de Notícias, do Jornal de Notícias, d'O Jogo e das revistas do Global Media Group (GMG) ainda não receberam o ordenado de dezembro nem o subsídio de natal. Os muitos colaboradores deste grupo estão sem receber desde outubro. É o caso de Sofia Cristino, de 34 anos, que é há quatro anos colaboradora do JN. "Não sabermos quando nem se vamos ser pagos é muito desgastante. Principalmente quem está numa situação de maior vulnerabilidade, como é o caso dos recibos verdes, com obrigações fiscais, vive nestes dias numa incerteza constante e desgastante psicologicamente", diz. "É difícil continuar a trabalhar da mesma forma quando não nos pagam, principalmente para quem trabalha à peça e em exclusividade para o JN, como eu, e precisa de dinheiro até para a realização de notícias." Além disso, "a possibilidade do fim de um jornal centenário com muita importância em várias localidades do país, e dos poucos que ainda faz jornalismo de proximidade é muito desolador".

Geralmente, os jornalistas não gostam de ser notícia. Mas, no último ano, a crise no setor tornou-se de tal forma incontornável que os jornalistas começaram a fazer ouvir a sua voz. Na Agência Lusa os jornalistas fizeram greve em março protestando contra a precariedade laboral e a falta de aumentos salariais; na TSF houve uma greve em setembro em protesto contra o “desrespeito pelos profissionais e falta de respostas” da administração após a destituição do diretor. E já em janeiro todo o GMG esteve em greve durante 24 horas devido aos atrasos no pagamento de salários e a todas as incertezas que se vivem na empresa perante a intenção de cortar 200 postos de trabalho.

"O que aconteceu na Global Media já não dava para aguentar mais. A falta de pagamentos foi a gota de água que levou esta gente a ser vocal. Estamos a falar de marcas históricas e bastante importantes para o país que deixaram de pagar ordenados", explica Filipe Santa-Bárbara, de 37 anos, jornalista e porta-voz da comissão de trabalhadores da TSF. "Tem sido bastante duro", diz. "Ser efetivamente confrontado com as vulnerabilidades da minha redação é complicado. Boa parte das pessoas tem de pedir dinheiro emprestado para sobreviver. As pessoas continuam a trabalhar e estão a fazer um bom trabalho. É uma injustiça enorme." "Eu gostava de estar otimista mas, nesta altura, estou muito cauteloso", conclui. 

A situação no GMG é extrema mas não é única. As notícias de despedimentos, de precariedade, de atrasos nos pagamentos, de quebras nas vendas, de falta de liquidez multiplicam-se num setor onde a crise se arrasta há anos. Por isso, a crise, ninguém duvida, vai dominar o 5º Congresso dos Jornalistas que arranca esta quinta-feira e durante quatro dias tem um programa intenso de debates e discussões no Cinema São Jorge, em Lisboa. Sofia Branco, que foi presidente do Sindicato de Jornalistas entre 2015 e 2019, confirma que o congresso vai acontecer "num estado de emergência": "Acho que as coisas nunca estiveram tão mal como hoje".

Protesto dos jornalistas da Global Media no passado dia 10 de janeiro (Miguel A. Lopes/Lusa)

A paixão é grande, o ordenado é pequeno: "Há colegas que têm 20 e 30 anos de profissão e que nem mil euros levam ao final do mês"

Inês Pereira tem 22 anos e desde pequena que sabia que queria ser jornalista: "Ficava fascinada a ver os telejornais ou a ouvir os noticiários das rádios e pensava como é que os jornalistas sabiam tantas coisas. Percebi que queria fazer aquilo, ouvir as pessoas, contar os seus problemas, procurar soluções." Estudou jornalismo na Faculdade de Letras da Universidade do Porto e, há um ano e meio, entrou na redação de uma televisão para fazer o estágio curricular: "Foi muito bom sentir que fazia parte da equipa, independentemente de poder ou não aparecer, saber que estava a contribuir já era bom", conta. Depois fez um estágio profissional num jornal e agora trabalha num site. Até agora, a experiência tem correspondido às suas expectativas: "Mas isso também é porque eu sempre tive uma noção muito clara de como era este mundo, já sabia que os ordenados não eram assim tão altos e na faculdade os professores sempre nos disseram que no jornalismo há hora para entrar mas não há hora para sair. Já estava preparada."

Está confiante, mas é realista. "Não é fácil entrar no mercado de trabalho, os meios não têm verbas para contratar efetivos, por isso temos que fazer estágios atrás de estágios. E não podemos esperar que isto seja um emprego a longo prazo, sei que estou num meio precário", admite. Ao ver as notícias sobre as dificuldades das empresas de comunicação, Inês confessa que fica um "bocadinho assustada": "É muito triste ver o que está a acontecer e pensamos que também nos pode acontecer a nós". Neste ano e meio, muitos dos seus colegas de curso já se "desviaram" do seu sonho. "Foram trabalhar para agências de comunicação ou para assessoria, onde há mais vagas", conta. Inês começou a fazer um mestrado em Relações Internacionais e tem planos para trabalhar no estrangeiro, mas para já não pensa desistir: "Gosto muito de ser jornalista", diz. 

Na adolescência, Filipe Santa-Bárbara queria ser médico. Mas percebeu que os médicos "tinham vidas muito complicadas, trabalhavam muitas horas e em horários estranhos" e isso fê-lo procurar outras profissões de que pudesse gostar: decidiu ser jornalista. Hoje ri-se da sua ingenuidade. "Eu adoro ser jornalista mas há dias que são muito difíceis e fazem pensar", conta. "Uma pessoa trabalha desde que se levanta até que se deita, é uma profissão que destrói a tua vida pessoal, porque exige uma disponibilidade constante, o estar sempre atento às notícias, a toda a hora. E, depois, não és recompensado por isso, nem em termos de salário nem de descanso. Os jornalistas fazem trabalho qualificado e de grande responsabilidade mas que não é pago como tal."

Basta falar com alguns jornalistas para ouvir várias vezes a palavra paixão. "O impacto que o jornalismo tem na vida das pessoas, a capacidade de mudar algumas, de intervir na discussão de temas importantes e no escrutínio constante dos decisores com um papel importante para a sociedade. As consequências de um bom trabalho jornalístico e a sensação de gratificação que acarreta, assim como a paixão pela profissão são o que me mantém no jornalismo", explica Sofia Cristino, que sublinha a satisfação de "sentir que o nosso trabalho tem impacto, contribuirmos para a melhoria da sociedade e de uma sociedade mais informada."

Isso mesmo sente o fotojornalista João Porfírio que, com 28 anos, acabou de receber o Prémio Gazeta de Fotografia pelo conjunto de reportagens "Ucrânia - Os primeiros 75 dias de guerra", publicadas no Observador entre fevereiro e junho de 2022. "É um privilégio estarmos nos sítios quando as coisas acontecem e podermos testemunhar tantos acontecimentos importantes. E depois é um privilégio podermos contar essas histórias, boas ou más, contá-las à nossa maneira, dar a nossa visão, para as pessoas saberem o que está a acontecer", diz.

No entanto, o fotojornalista sabe que nem todos os colegas têm as mesmas oportunidades do que ele. "Esta é uma profissão muito pouco valorizada e mal paga. Há colegas que têm 20 e 30 anos de profissão e que nem mil euros levam ao final do mês." Isto sem falar dos muitos que trabalham como freelancers e que ganham ainda menos: "Há jornais nacionais onde se paga 30 euros por uma reportagem a recibos verdes", denuncia. "Deveria haver uma regulamentação do trabalho dos freelancers e uma tabela que lhes garantisse um pagamento digno."

Saber que os leitores (ou espectadores ou ouvintes) não valorizam suficientemente o trabalho dos jornalistas a ponto de comprarem um jornal na banca ou subscreverem uma assinatura de um meio de comunicação é algo que preocupa bastante o jornalista do Observador. "Como fazer com que as pessoas valorizem? O jornalismo precisa de ser pago para que os jornalistas também possam ser pagos porque precisamos de um jornalismo forte e isento", explica. "Estamos a celebrar os 50 anos da democracia e todos sabemos que o jornalismo é essencial para a democracia. As redes sociais vieram trazer coisas ótimas mas também coisas péssimas. As pessoas acham que se está no Facebook ou no Twitter é porque é verdade e, portanto, não precisam dos jornalistas para estarem informadas. E, pior, se está no Facebook ou no Twitter não percebem porque é que têm de pagar."

"É uma pescadinha de rabo na boca", comenta a este propósito Filipe Santa-Bárbara. As pessoas não pagam porque acham que não vale a pena pagar, mas se não pagarem será difícil aos órgãos de comunicação produzir conteúdos que sejam diferenciados e, de facto, valham a pena. "Há uns anos, recorrer à pirataria era constante, hoje há mais pessoas a pagar pela música que ouvem no Spotify e pelos filmes que veem na Netflix, ninguém acha isso estranho. Porque não pagar pelo jornalismo? Se oferecermos qualidade, coisas distintivas, que apelem aos leitores, penso que as pessoas vão pagar. É uma falácia dizer que temos que cortar [no investimento e nos salários] para isto se salvar: a cortar não tens qualidade, não tens futuro", diz o jornalista da TSF.

"O debate sobre o papel do Estado é fundamental"

"O modelo de financiamento da comunicação social falhou, o modelo de negócio também. E este é um problema gravíssimo", afirma Sofia Branco. "Os jornalistas são parte da solução, mas a sociedade também tem de ser chamada, os cidadãos têm de perceber a importância de ter uma comunicação social livre e forte, e perceber o papel do jornalismo a interpretar e enquadrar a realidade." A sociedade e também o Estado, adianta. "O debate sobre o papel do Estado é fundamental. Não estamos a dizer que o Estado tem de intervir nem como, mas temos que fazer esse debate. Já passaram 50 anos de democracia, este tema não pode continuar a ser um tabu. Há mecanismos que garantem a independência dos meios de comunicação, mesmo com o apoio do Estado", afirma a jornalista, dando como exemplo o modelo francês onde existe um financiamento aos cidadãos para consumo media. "É um modelo de que gosto muito, mas há outros."

Filipe Santa-Bárbara também não tem dúvidas de que "a coisa mais importante que é preciso discutir neste Congresso, e que já vamos muito tarde para discutir, é o financiamento e a sustentabilidade dos media". "Temos de discutir todos sem preconceitos, nesta altura, como é que o Estado pode ajudar. Não estou a falar de nacionalizações, mas temos que pensar como é que o Estado pode, cegamente, ajudar o jornalismo, enquanto pilar da democracia. Devemos fazer um debate sem preconceitos na sociedade, porque de facto são precisas soluções", afirma. "Será possível financiar o jornalismo sem passar pelas empresas? Será que resulta ter fundações, bolsas, prémios? Parece-me que é preciso encontrar rapidamente uma solução transversal."

De bolsas e prémios sabe Sofia da Palma Rodrigues. A jornalista de 37 anos é uma das fundadora do projeto "Divergente": " A Divergente nasceu da vontade de fazer um jornalismo diferente. Sentimos que não tínhamos espaço nas redações para fazer aquilo que queríamos que era contar histórias mais aprofundadas e encontrar os formatos que façam mais sentido para contar essas histórias", explica. "O que nós queremos é fazer bom jornalismo", diz. Mas o bom jornalismo é caro. "A base de todos os problemas é a falta de dinheiro: não há dinheiro para ter jornalistas suficientes numa redação nem para que eles tenham tempo para fazer um bom trabalho." 

A Divergente quis contrariar um pouco isto: aqui, uma reportagem pode levar meses ou anos a ser concluída. Sem pressões. O resultado tem de ser excelente - e isso é comprovado pelos vários prémios que a revista tem ganho. Mas isto tem o seu custo. A Divergente é aquilo a que se costuma chamar um "meio independente" porque não está ligado a nenhum grupo empresarial ou financiador. Também não aceita publicidade e, portanto, sobrevive através de bolsas e financiamentos de fundações e outros parceiros, assim como dos contributos dos leitores. "Mas não temos muitos contributos. Como convencer as pessoas de que vale a pena pagar por este produto? Não é fácil", admite Sofia da Palma Rodrigues. "Vamos construindo um caminho, a cada projeto, mas é um enorme desafio."

Pelo menos 120 jornalistas foram mortos durante o seu trabalho, em 2023. Na imagem, Issam Abdallah, jornalista da Reuters, morto num bombardeamento no Líbano em outubro (AP)

Mas, por outro lado, a Divergente assume que não procura obter lucro. "Não existe um modelo de negócio porque o jornalismo não é um negócio. Tal como acontece com a saúde, a habitação, a cultura, Sofia defende que o jornalismo é um serviço essencial para os cidadãos e que, portanto, deveria ser financiado pelo Estado, de forma independente: "Não consigo encontrar nenhum caminho para o jornalismo, seja o independente ou mais tradicional, sem o apoio do Estado", afirma Sofia da Palma Rodrigues. "Tenho a sensação que estamos num momento sem retorno."

A possibilidade de intervenção financeira do Estado no setor da comunicação - para além da que já existe através da Agência Lusa e dos canais de televisão e rádio públicos (RTP) - tem vindo a ser cada vez mais referida abertamente pelos jornalistas. A tal ponto que o tema tem direito a um painel próprio no congresso, no sábado à tarde, que contará com representantes de vários partidos políticos: Eurico Brilhante Dias (PS), Joaquim Miranda Sarmento (PSD), Pedro Pinto (Chega), Rodrigo Saraiva (Iniciativa Liberal), Pedro Filipe Soares (BE), Paula Santos (PCP). Nessa mesma tarde, outros painéis irão discutir as questões ligadas ao financiamento à procura de uma resposta para a pergunta: "quem vai pagar pelo jornalismo?".

"Olhar para dentro": "O jornalismo é tanto mais forte quanto mais eticamente comprometido"

A outra grande discussão a ter nestes dias, na opinião de Sofia Branco, é uma "discussão interna, um olhar para dentro para percebermos o que é que estamos a fazer bem e o que é que estamos a fazer mal. Os jornalistas também têm alguma responsabilidade, têm de reconhecer as suas falhas e as fragilidades". Na sua opinião, "o jornalismo é tanto mais forte quanto mais eticamente comprometido, há um contrato entre jornalistas e sociedade" que está na base da profissão. O facto de o jornalismo nem sempre cumprir esse contrato contribui para o  "desgaste da imagem mediática dos jornalistas" e para uma crescente descredibilização, que acaba por afetar todos os profissionais, afirma.

Sofia da Palma Rodrigues concorda: "Acho que só nos salvamos dando um passo atrás e questionando qual é o propósito disto tudo, o que é que estamos aqui a fazer? O jornalismo é um dos pilares da democracia. Mas somos muito poucos que fazemos um jornalismo que é de facto pilar de democracia", diz. "Acho que há mau jornalismo e bom jornalismo, quer entre os meios independentes quer entre os meios tradicionais." E essa também é uma auto-reflexão que os jornalistas, enquanto grupo, deveriam aceitar fazer, defende. "Eu gostava muito que este congresso fosse um lugar de debate sem fracionismos", diz a jornalista da Divergente. "É importante diluir as fronteiras entre jornalismo independente e tradicional. Nós, por exemplo, publicamos os nossos trabalhos nos órgãos tradicionais, que têm plataformas já estabelecidas, chegam a mais pessoas. É uma parceria que faz sentido. Não estamos uns contra os outros." 

Além da "falta de um modelo de negócio sustentável que permita um jornalismo isento e de qualidade e a consequente precariedade laboral", Sofia Cristino considera que "o jornalismo enfrenta grandes desafios, sobretudo na imprensa escrita, porque a forma como as pessoas consomem as notícias tem vindo a mudar nos últimos anos. É necessário criar novas formas de chegar às pessoas, perceber melhor os seus hábitos de consumo e porque querem ler/ver/ouvir notícias, porque é que as notícias são importantes (acho que em Portugal ainda há muita iliteracia sobre o papel dos jornalistas na sociedade e na democracia e a importância das notícias). É preciso adaptar a informação a diferentes públicos, com diferentes formas e meios", afirma. "Outro problema é a crescente transformação das notícias em entretenimento, a confusão entre as duas retira muitas vezes a credibilidade à informação."

"Também nos falta reconhecer o outro lado: nós cometemos erros, não fazemos tudo bem", admite Filipe Santa-Bárbara. "Há um stress tremendo, as pessoas trabalham em más condições, há coisas que não saem tão bem quanto gostaríamos." Numa classe que tem tido muita dificuldade em fazer uma auto-reflexão e uma auto-crítica, que tem preferido vir "empurrando os problemas com a barriga ", o jornalista gostaria que outros temas fossem levados para a mesa discussão: por exemplo "a força que as redações foram perdendo face a pressões e ingerências editoriais" e "a falta de diversidade nas redações": "Não é aceitável que, em 2024, as as nossas redações espelhem a visão do homem branco cis, temos que arranjar uma maneira de as redações espelharem a diversidade da redação", defende.

Uma coisa é certa: neste congresso "vai haver muito debate, mas não nos podemos ficar pelo debate. Tem de haver propostas de ação, propostas concretas para resolver os principais problemas e que, sobretudo, nos permitam encontrar mecanismos de comprometer o poder político a agir", afirma Sofia Branco. 

"Tenho receio que se repita o que aconteceu no último congresso, que seja um novo elencar de problemas sem encontrar soluções", alerta Sofia da Palma Rodrigues. Em 2017, depois de um congresso muito participado em que as questões da precariedade, dos falsos recibos verdes e dos baixos ordenados dominaram o debate, os jornalistas aprovaram resoluções relacionadas com a necessidade de melhorar as condições de trabalho, de reforçar a importância dos conselhos de redação, de se cumprir a legislação laboral e reforçar os princípios éticos e deontológicos. Seis anos depois, as boas intenções parecem ter ficado no papel e os problemas só se agravaram. 

Filipe Santa-Bárbara está, apesar de tudo, esperançoso: "Eu gostava que saísse uma solução para a crise, mas já fico contente se deste congresso sair consciência - consciência de classe e empenho dos jornalistas para tentar mudar, para não deixarmos que as coisas piorem ainda mais". 

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