Pequim2022: Ucrânia vive «milagre», Rússia critica decisão «monstruosa»

3 mar 2022, 12:47
Jogos Olímpicos de Inverno

Delegação ucraniana já chegou à China. Russos não entendem exclusão dos seus atletas

O chefe da delegação paralímpica ucraniana assumiu que a chegada a Pequim, para participar nos Jogos de inverno, foi «um milagre», mas garantiu que os atletas estão «muito motivados e querem defender o país».

«É um milagre termos chegado aqui. Muitos elementos da nossa equipa tiveram dificuldade em escapar das bombas. A solução mais fácil teria sido não vir, mas não podíamos desistir», afirmou Valeriy Sushkevych, presidente do Comité Paralímpico da Ucrânia, esta quinta-feira.

O dirigente admitiu não ter conseguido dormir após o anúncio da decisão do Comité Paralímpico Internacional (IPC), na quarta-feira, de autorizar a participação dos atletas russos e bielorrussos nos Jogos Pequim2022 sob bandeira neutra. Entretanto, a organização endureceu a medida e os atletas destes países não vão poder participar na competição.

Sushkevych agradeceu ao IPC por ter reconsiderado a sanção inicial.

«Uma superpotência [Rússia] quer destruir o nosso país. A nossa presença nos Jogos tem grande significado, é um sinal de que a Ucrânia está viva e continuará a ser um país», vincou.

O presidente do comité ucraniano sublinhou as dificuldades da viagem até à China, lembrando que foi necessário juntar os atletas e material de competição que estavam dispersos em 11 regiões do país.

Apesar do alívio por chegarem a Pequim, os 20 atletas e nove técnicos ucranianos estão muito preocupados com a situação na Ucrânia, após a invasão russa.

«Muitos dos nossos atletas estão constantemente agarrados aos telemóveis a acompanhar a situação e a tentarem contactar com familiares. É difícil competir com calma nestas condições», admitiu o presidente.

A Rússia reagiu à exclusão dos seus atletas, bem como os da Bielorússia, e considerou que a decisão é «monstruosa».

«Obviamente que é uma situação monstruosa. É uma vergonha para o Comité Paralímpico Internacional», afirmou numa conferência de imprensa virtual o porta-voz presidencial russo, Dmitry Peskov.

«Ontem [quarta-feira], tomaram uma decisão e hoje tomam outra», acrescentou.

O presidente do IPC, o brasileiro Andrew Parsons, justificou a mudança no posicionamento do organismo com o facto de um grande número de países ter manifestado a intenção de não competir se atletas russos e bielorrussos participassem.

«No IPC, acreditamos firmemente que desporto e política não se devem misturar. No entanto, não por culpa nossa, a guerra chegou a estes Jogos e, nos bastidores, muitos governos estão a influenciar o evento», disse.

O dirigente revelou ainda que, nas últimas 12 horas, vários membros entraram em contacto com o IPC a pedir que reconsiderasse a decisão inicial.

A Rússia tinha 71 atletas qualificados para a competição que decorre entre sexta-feira e 13 de março.

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