Grécia ajusta contas com responsáveis pelas ruínas de Atenas 2004

7 out 2014, 23:48

Justiça inicia procedimentos criminais contra aqueles que deviam ter garantido valorização das infra-estruturas

Passaram 10 anos desde que a Grécia organizou os Jogos Olímpicos e o cenário de grande parte das instalações de Atenas 2004 é de abandono. Está à vista a forma como não foram aproveitadas as infra-estruturas, um exemplo de desperdício que se tornou gritante para a opinião pública grega, afundada na crise da dívida pública nos últimos anos. A notícia é que a justiça grega decidiu avançar com procedimentos criminais contra os responsáveis.



Konstantinos Matalas foi responsável pela empresa estatal Olympiaka Akinita, criada em 2002 precisamente para valorização das instalações olímpicas e entretanto já extinta. É acusado de «má gestão» e, segundo a Associated Press, incorre numa pena de prisão de cinco a 10 anos.

Mas não fica por aqui. Os juízes pediram ainda o levantamento da imunidade parlamentar a Dyonisis Stamenitis, do Partido Nova Democracia, no poder, que foi o sucessor de Matalas na empresa que devia assegurar o futuro pós 2004.

Conduzido ao longo dos últimos oito meses pelos procuradores Sotiris Boygioukos e Eleni Siskou, o inquérito judicial chegou agora a conclusões que apontam para a responsabilização criminal dos gestores, acusados de gestão negligente das infra-estruturas. A empresa em causa tinha assumido a responsabilidade pela manutenção e utilização de todo o legado olímpico, excluindo o Estádio Olímpico de Atenas.



A investigação aconteceu depois de muitas notícias na imprensa sobre a forma como a Grécia falhou na valorização das infra-estruturas, que custaram 10 mil milhões de euros ao erário público grego.

Dyonisis Stamenitis já reagiu à acusação, em comunicado, defendendo que foi encontrado uso alternativo para pelo menos três instalações olímpicas pós-Atenas 2004, e que foram efetuadas numerosas diligências para tentar encontrar soluções para as restantes.

O debate sobre a capacidade de valorização de um legado olímpico é antigo, mas na capital grega é evidente a degradação e inutilidade para a população de muitas das instalações. Que foram construídas de raíz para o efeito, e não pensadas como estruturas provisórias ou reversíveis. 

As imagens associadas a este artigo, num trabalho da agência Reuters realizado dez anos depois dos Jogos Olímpicos, falam por si: a aldeia olímpica fechada, os estádios de basebol, hóquei ou o recinto do voleibol de praia a encherem-se de ervas, o centro de canoagem transformado numa ruína de água suja e lixo.

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