Detenção por suspeitas de insolvência dolosa numa empresa cujos valores em dívida são públicos há largos anos
Jacques Rodrigues, patrão do grupo Impala que, a par de Pinto Balsemão, é o mais antigo barão dos Media em Portugal, foi esta manhã detido pela Polícia Judiciária, aos 83 anos, apurou a CNN Portugal (do mesmo grupo da TVI). O filho do empresário, que tem o mesmo nome, também foi detido, bem como um advogado e um revisor oficial de contas.
Dono de títulos como as revistas Nova Gente, Maria ou TV 7 Dias, é suspeito de crimes relacionados com a insolvência dolosa de sociedades onde acumulou uma gigantesca fraude na ordem dos 100 milhões de euros, para se eximir a dívidas do mesmo valor a credores, repartidas entre trabalhadores das empresas - muitos deles jornalistas das várias publicações - e o Estado. Existem ainda suspeitas relacionadas com corrupção e burla agravada.
Os valores em dívida são públicos há largos anos, tendo em conta os litígios judiciais entre Jacques Rodrigues e muitos dos lesados.
Terá contado, para o efeito, com cúmplices, alguns dos quais esta manhã também detidos pela Unidade de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária.
O esquema passaria pela manipulação da contabilidade de várias empresas, de forma a ocultar e dissipar capitais devidos aos credores do empresário que há largos anos foi declarado como insolvente a título pessoal, apesar dos elevados sinais exteriores de riqueza.
Decorrem buscas na sede da Impala, em Sintra, e noutras sociedades e nas casas dos suspeitos dos crimes.
De acordo com a nota de imprensa divulgada pela Polícia Judiciária, na operação intitulada “Última Edição” estão em causa suspeitas da prática dos crimes de corrupção passiva, corrupção ativa, insolvência dolosa agravada, burla qualificada e falsificação ou contrafação de documentos.
“Durante a ação policial que se desenvolveu em Lisboa, Sintra, Cascais, Oeiras, Amadora, Santo Tirso, Porto, Matosinhos e Funchal, procedeu-se ainda ao cumprimento de quatro mandados de detenção fora de flagrante delito e à constituição de dez arguidos”, referiu aquela autoridade, esclarecendo que foram realizadas oito buscas domiciliárias e 24 buscas não domiciliárias, das quais seis em empresas de comunicação social, quatro em gabinetes de revisores oficiais de contas e uma num escritório de advogados.
A operação visou a recolha de provas complementares e contou com o apoio de diferentes unidades desta força policial, envolvendo mais de 100 investigadores criminais e peritos, além da colaboração do Ministério Público, que tem o inquérito sobre esta matéria a correr no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Sintra.
Os quatro detidos vão agora ser presentes a juiz no Tribunal de Instrução Criminal de Sintra para o primeiro interrogatório judicial e para conhecer as medidas de coação.
A Impala, que detém as revistas Nova Gente e Maria, viu o Juízo de comércio de Sintra declarar em outubro a insolvência da Descobrirpress, de Jacques Rodrigues.
O grupo Impala tinha há vários anos litígios em tribunal por créditos salariais devidos a ex-trabalhadores.