Marcelino: «Ganhar a Taça foi a causa de ser despedido do Valência»

13 set 2019, 12:33
Marcelino Garcia

Marcelino Toral, emocionado, falou sobre a saída

Dias depois da destituição como técnico do Valência, Marcelino Toral despediu-se oficialmente do clube no qual passou mais de dois anos: chegou à Liga dos Campeões, venceu a Taça do Rei e fixou a formação valenciana como candidato a chegar à liga milionária. Emocionado, o técnico despediu-se de uma casa que, apesar de muitos problemas, lhe vai estar no coração até ao fim.

«Pelas mensagens e desmonstrações de caminho que [os jogadores] me mostraram, mas sobretudo pelo dia-a-dia com eles… sofremos, lutamos e desfrutamos. Vivemos momentos de dificuldades e saímos deles», disse Marcelino, antes de interromper o discurso por momentos, visivelmente emocionado, sem conseguir segurar as lágrimas. «É o que disse hoje… estarão no meu coração até ao último dia da minha vida.»

Além da tristeza, Marcelino diz que ficou surpreendido por ter sido despedido. «Quando me disseram, nem acreditei». «Numa reunião a 19 de julho, o proprietário disse-me cara a cara, e perante mais três pessoas, que tinha confiança absoluta no nosso trabalho. Depois dessa garantia, como ia acreditar que me iam despedir a 10 se setembro? Era impossível», afirmou.

«Então o que mudou entre terem ganho a Taça e agora?», perguntaram os jornalistas? «Situações muito concretas, não apenas comigo - foi um processo com o diretor geral -, todas essas circunstâncias me levaram a ter a certeza absoluta que a Taça foi a causa de que nós não sejamos mais equipa técnica do Valência.»

«Durante a época recebemos mensagens diretas e através de outras pessoas de que tínhamos que deixar a Taça de lado. Os adeptor queriam lutar pela Taça, tentar ganhá-la, os jogadores queriam, estavam motivados para ganhar. Nós, equipa técnica, queriamos lutar pela Taça e ganhar. Não tenho dúvidas de que ganhar a Taça foi o detonante desta situação», explicou em seguida.

O treinador de 54 anos, que foi acusado de ter o seu empresário envolvido em várias transferências do clube, garantiu aos jornalistas que tal não aconteceu. «O Valência realizou mais de 50 transferências nestes cinco mercados. O meu representante participou em duas! Durante estes 26 meses nenhum futebolista agenciado pelo meu agente fez parte do plantel do Valência. Quem diz isso… mente! Estes são dados que vocês mesmos podem conferir», atirou. «Acreditam que em todos os treinadores anteriores do Valência se seguiu essa circunstância?» questionou, fazendo referência à direção do Valência, com a qual o técnico chocou em diferentes ocasiões.

O técnico não deixou de mandar uma mensagem a Mateu Alemany, diretor desportivo do clube espanhol que acabou por ter a sua saída iminente, também por choque com o proprietário Peter Lim: «Agradeço ao Mateu Alemany pela confiança que depositou em nós para dirigir este projeto. Desde o início que fizemos um projeto vencedor e considero que superamos os objetivos.»

Marcelino diz-se ferido, mas nada que não passe com o tempo: «Levamos com carinho estes grandes adeptos que nos apoiaram nos momentos de dificuldade. A dor está cá e há que deixar que o tempo cure as feridas, há que seguir em frente. Com respeito, humildade e honradez.»

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