Mundial de râguebi: um ensaio de garra para a final

21 out 2023, 22:33
Africa do Sul celebra vitória (fotoi: AP Photo/Pavel Golovkin)

Campeã África do Sul vai defender o título frente à Nova Zelândia, depois de uma reviravolta espantosa contra a Inglaterra (16-15)

A Inglaterra chegou às meias-finais somando por vitórias todos os jogos feitos até então neste campeonato do mundo. Nada mau, para uma equipa que não era apontada como favorita. A dúvida era se teria capacidade para travar o jogo dinâmico dos sul-africanos que, apesar de terem perdido com a Irlanda na fase de grupos, pareciam mais fortes, determinados e resilientes a cada jogo.

A componente mental, já se sabe, é determinante neste jogo tão físico. E aí, a Inglaterra esteve melhor na primeira parte. Defendeu bem, quase não cometeu erros e aproveitou bem as ofertas dos ‘Springboks’. Os primeiros três pontos surgiram logo aos três minutos. Penalidade convertida com a eficácia habitual de Owen Farrell.

De resto, até ao intervalo só houve pontos resultantes de penalidades. Farrell repetiu a dose aos dez minutos, a África do Sul reduziu da mesma forma aos 21, por Manie Libbok, mas, praticamente na resposta, Farrell voltou a faturar para fazer 9-3.

A tensão era notória. As duas equipas defendiam com ferocidade, lutava-se tenazmente por cada centímetro de relvado. Houve choques violentos e algumas quezílias. No meio de tudo isso, surgiam mais penalidades.

Com pontapés certeiros de Handre Pollard, para os sul-africanos, e Farrell – quem mais? – para os ingleses, o intervalo chegou com 12-6 no marcador.

A Inglaterra jogava muito ao pé e a estratégia parecia resultar. Até porque Owen Farrell voltou a atacar, desta feita com um pontapé de ressalto muito bem executado que aumentou a vantagem para 15-6. Só ele marcou para os britânicos.

A África do Sul teve de se reinventar. Voltou a fazer substituições que, na verdade, já não surpreendem, tirando alguns dos melhores jogadores. A equipa acreditou e foi premiada:

Aos 69 minutos começou a reviravolta, numa daquelas ondas de fúria do seu ataque. O gigante Snyman furou a defesa e conseguiu o único ensaio da noite. Ensaio, depois, convertido por Pollard. A distância reduzia-se a dois pontos.

Agora, a África do Sul sabia que só precisava de uma penalidade para liderar pela primeira vez. Tinha dez minutos para o conseguir; demorou sete.

Pollard, com um pé direito tão certeiro quanto Farrell e nervos de aço, atirou aos postes quase desde a linha de meio-campo. Um pontapé de quase 50 metros que valeu a passagem à final. Os últimos três minutos foram uma demonstração da capacidade defensiva da África do Sul, que evitou fazer falta, face a uma Inglaterra em desespero de causa, a dar tudo para voltar a pontuar – mas não conseguiu.

Grande prémio para uma seleção sul-africana que andou perdida durante metade do jogo, mas acordou a tempo. Cruel para uma Inglaterra que parecia ter encontrado a fórmula certa para superar os campeões do mundo, mas vacilou no final.

Promete ser explosiva, a final de dia 28, com a Nova Zelândia.

 

 

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