«Os meus pais beberam urina para sobreviver»

11 out 2023, 09:10
Nico Williams (Espanha) e Iñaki Williams (Gana)

Iñaki Williams recordou os sacrifícios que os pais fizeram para chegarem a Espanha, defendeu Vinícius Júnior na luta contra o racismo e explicou por que razão decidiu representar a seleção do Gana

Iñaki Williams colocou-se ao lado de Vinícius Júnior na luta contra o racismo e abordou os insultos racistas de que o colega de profissão foi alvo no Mestalla. O internacional ganês acrescentou ainda que a sociedade espanhola é «classista», além de racista.

«Se tens muito dinheiro, como é o meu caso, não olham para a cor de pele, mas se és um vendedor ambulante, a coisa muda», referiu, em entrevista à ESPN antes de falar sobre o episódio que envolveu o internacional brasileiro, em Valência.

«É algo que ele não tem de sofrer. Mas fá-lo muito bem, porque dá visibilidade a todas as pessoas que foram vítimas de racismo e que teriam ficado gratas se o Real Madrid tivesse saído e o jogo tivesse sido interrompido. A reação tinha de ser essa», defendeu. 

O avançado do Athletic Bilbao recordou ainda os sacríficios que os pais tiveram de fazer para saírem de o Gana e rumarem a Espanha. «A minha mãe disse ao meu pai que estava grávida e o meu pai disse que tinham de sair do Gana. Foram pelo deserto e tiveram de beber urina para sobreviver. O meu pai foi andava descalço e queimu as plantas dos pés. Tiveram de enterrar pessoas pelo caminho», contou. 

Ao contrário do irmão, Nico, Iñaki Williams não escolheu representar a seleção espanhola, mas sim o Gana. «O meu avô faleceu este verão e ele queria que eu jogasse pelo Gana, consegui e pude honrá-lo. Quando fomos lá este verão, o meu irmão e eu vimos miúdos descalços na estrada e eu disse-lhe: "Olha, Nico, se não fossem a mãe e o pai, podíamos ser um destes miúdos"», justificou.

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