Portugal volta a registar números de mortalidade acima do normal

4 fev 2022, 22:11
Hospital Fernando Fonseca

Tudo indica que a culpa será da pandemia, mas o frio também pode ter tido efeitos negativos

Depois de vários meses a níveis normais, Portugal voltou a registar, nas últimas duas semanas de janeiro, aquilo que o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) identifica como um "excesso de mortalidade" por todas as causas de morte.

O fenómeno é identificado num relatório publicado esta sexta-feira e em resposta a questões da redação da TVI/CNN Portugal o INSA detalha que a causa mais provável será o agravamento da pandemia e a explosão de contágios verificada no último mês.

A variante Ómicron é por norma muito menos grave e tem um registo de hospitalização 75% mais baixo que a variante Delta, segundo um novo estudo agora divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS). Contudo, tantos infetados acabaram por levar a mortalidade total, no país, para números acima do normal para a época.

Fazendo as contas aos boletins diários da DGS, Portugal registou, em janeiro, 950 óbitos com teste positivo ao coronavírus.

O INSA detalha que as duas semanas em causa com excesso de mortalidade "foram coincidentes temporalmente com uma taxa de transmissibilidade e incidência de Covid-19 elevada, sendo que o padrão de evolução da mortalidade por todas as causas foi concordante com o padrão de evolução da mortalidade específica por Covid-19 no país".

Aliás, se forem retirados os óbitos com Covid-19 esse excesso de mortalidade desaparece, "pelo que, sem estudos mais aprofundados, supõe-se que a pandemia seja a causa mais provável do acréscimo de mortalidade".

A mesma resposta explica, no entanto, que "não se pode, porém, excluir o contributo de outros fatores para o excesso de mortalidade por todas as causas observado, uma vez que nas semanas do mês de janeiro o valor médio da temperatura mínima do ar foi inferior aos valores normais para a época, o que pode levar a impactos na mortalidade por todas as causas".

O instituto refere que "o frio tem impactos negativos na saúde humana, quer por efeitos ao nível cardiovascular e respiratório, quer pelo agravamento do curso de infeções respiratórias ativas" e "pode aumentar a transmissibilidade dos vírus respiratórios. Deste modo, é plausível que o frio tenha contribuído para o aumento da mortalidade por Covid-19 através do agravamento do prognóstico desta infeção".

Covid-19

Mais Covid-19

Patrocinados