Próxima pandemia provavelmente será causada pelo vírus da gripe

CNN Portugal , JAV
20 abr, 15:27
337 milhões de anos de vida perdidos por causa da pandemia, diz a OMS. (Armando Franca/ AP)

O aviso vem dos cientistas, a poucos dias de ser publicado um estudo abrangente sobre como o Influenza representa atualmente a maior ameaça à saúde global

Um estudo internacional a ser divulgado na próxima semana revela que 57% dos maiores especialistas em doenças a nível mundial acredita que será uma estirpe do vírus da gripe a causa da próxima grande pandemia infecciosa.

A notícia é avançada este sábado pelo jornal britânico The Guardian, que indica que, quatro anos depois do eclodir da pandemia de Covid-19, o vírus Influenza é o patógeno mais provável de gerar o próximo grande desafio sanitário a nível global.

Esta crença baseia-se em investigações de longa data que mostram que o Influenza está em constante evolução e mutação, indica ao jornal o responsável do estudo, Jon Salmanton-García, da Universidade de Colónia.

“A cada inverno aparece o Influenza e podemos descrever estes surtos como pequenas pandemias”, diz o investigador. “Estão mais ou menos controlados, porque as diferentes estirpes que causam [esses surtos] não são suficientemente virulentas – mas esse pode não ser necessariamente o caso para sempre.”

Os detalhes do estudo, que envolveu contribuições de 187 cientistas altamente especializados, vão revelados no congresso da Sociedade Europeia de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas (ESCMID, na sigla inglesa), que vai ter lugar no próximo fim de semana em Barcelona.

Em segundo lugar, atrás do Influenza, 21% dos investigadores indicam como origem provável da próxima pandemia um vírus ainda desconhecido da ciência, batizado de Doença X – ou seja, um microorganismo ainda por identificar que surgirá do nada, como aconteceu com o Sars-CoV-2, vírus causador da doença Covid-19, em 2019, quando começou a infetar humanos.

O mesmo estudo indica que o vírus da Covid-19 continua a representar uma ameaça, com 15% dos cientistas consultados a apontarem-no como a terceira causa provável de uma pandemia no futuro próximo.

Entre 1% e 2% dos investigadores citam outros microorganismos, como os vírus do Lassa, do Nipah, do Ébola e do Zika, como ameaças globais. Ainda assim, destaca Salmanton-García, “o Influenza continua a ser a ameaça número 1 em termos do seu potencial pandémico aos olhos de uma larga maioria dos cientistas mundiais”.

Alarmes já estão a soar para a estirpe H5N1 do Influenza

Há uma semana, a Organização Mundial de Saúde (OMS) já tinha alertado para a rápida e preocupante disseminação de uma estirpe do vírus Influenza, o H5N1, que está atualmente a gerar milhões de casos de gripe aviária em todo o mundo – uma epidemia que começou em 2020 e que já conduziu a dezenas de milhões de mortes em aviários, para além de já ter eliminado milhões de aves selvagens.

Recentemente, foi detetada a transferência do H5N1 para espécies de mamíferos, incluindo gado doméstico, havendo já registo de infeções em 12 dos 50 estados norte-americanos, o que veio aumentar os receios de que esta estirpe venha a atingir também os seres humanos. Quanto mais espécies de mamíferos infetar, mais oportunidades haverá de o vírus evoluir para uma estirpe perigosa para as pessoas, indicava na semana passada o especialista Daniel Goldhill, do Royal Veterinary College, na revista Nature.

Para Ed Hutchinson, virologista da Universidade de Glasgow, o surgimento do vírus H5N1 em gado foi uma surpresa. “Os porcos podem ter gripe das aves, mas até há pouco tempo o gado não tinha […], pelo que o surgimento de H5N1 em vacas foi um choque”, diz citado pelo Guardian. “Isto significa que os riscos de o vírus se infiltrar em cada vez mais em animais de quinta, e depois passar para os humanos, continuam a aumentar e a aumentar. Quanto mais o vírus se espalha, maiores são as hipóteses de sofrer mutações e infetar humanos.”

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