Falharam na mais perigosa de todas, no Tibete: hoje uma está morta e a outra desaparecida
Anna Gutu e Gina Marie Rzucidlo eram duas alpinistas experientes, aventureiras incuráveis e sonhadoras das maiores alturas. Queriam ambas ser a primeira mulher norte-americana a completar o circuito das catorze: ou seja, concluir a subida das catorze montanhas com mais de oito mil metros de altitude.
Por isso as duas lançaram-se ao desafio e completaram treze dessas montanhas. Faltava apenas uma, portanto: Shisha Pangma, no Tibete, a 8.027 metros de altitude.
Esta segunda-feira, Gina Marie Rzucidlo foi declarada morta pelas autoridades chinesas, juntamente com o sherpa Tenjen Lama, que a acompanhava.
Uma avalanche já muito perto dos oito mil metros de altitude soterrou toda a expedição. Gina Marie Rzucidlo e o sherpa Tenjin Lama ainda não foram encontrados e, devido à chegada do inverno, as buscas tiveram de ser suspensas. Só podem ser retomadas na primavera.
Anna Gutu, pelo contrário, foi encontrada morta no domingo, juntamente com o sherpa Mingmar, depois da mesma avalanche os ter apanhado e soterrado a 7.800 metros.
Já Kami Rita Sherpa, Mitra Bahadur Tamang e Karma Gyalzen Sherpa, que também estavam na expedição, tiveram mais sorte e foram resgatados com vida.
As duas rivais acabam assim por ter um final trágico, na mesma montanha, com um dia de intervalo, perdendo a vida perante os implacáveis Himalaias.
A corrida das duas norte-americanas tinha gerado muitos seguidores nas redes sociais e ambas partilhavam frequentemente os avanços na preparação da aventura. No início de outubro, ambas tinha terminado, também no Tibete, a 13ª montanha: a Cho Oyu, a 8.188 metros. Fizeram-no com um dia de intervalo, em expedições separadas e com apoio de oxigénio.
Tenjen Lama, o sherpa que acompanhava Gina Marie Rzucidlo, era um alpinista experiente e famoso, que ainda detém o recorde do mundo de completar o circuito das 14 montanhas em menos tempo: em apenas 92 dias.
Vale a pena referir, já agora, que o Shisha Pangma é a montanha menos alta das catorze que fazem parte do circuito, mas é considerada a mais perigosa de todas.
Por isso mesmo foi a última a ser escalada.
Localizada no interior do Tibete, e geralmente muito isolada, devido às restrições impostas pela administração chinesa, é frequentemente alvo de grandes avalanches. Nos últimos dois anos custou a vida a 120 alpinistas.