Comentador afirma que a Conferência Episcopal Portuguesa não agiu da melhor forma nos últimos dias, pedindo que se dê sinais de que o futuro vai ser diferente
A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) afirmou que as dioceses não tinham autoridade para afastar padres suspeitos de abusos sexuais no seio da Igreja Católica. Declarações corroboradas pelo cardeal-patriarca de Lisboa, mas que tiveram outro entendimento por parte de alguns bispos. Nesta altura há seis padres afastados de funções em Portugal por constarem na lista de nomes enviada pela Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja Católica.
Para Paulo Portas a comunicação da CEP não foi feliz, mostrando uma "certa insensibilidade", além de não responder a duas questões "essenciais". "É omisso sobre os padres ou leigos que em nome da Igreja estão no ativo e sobre quem recaem suspeitas, e é ambíguo no acompanhamento das vítimas do ponto de vista psicológico e psiquiátrico".
Perante a divergência na Igreja Católica, o comentador da TVI (do mesmo grupo da CNN Portugal) nota que o presidente da CEP, José Ornelas, não foi capaz de fazer uma síntese "porque ela não era possível".
Apesar de notar alguns avanços, como o da continuação de uma comissão que continue a estudar o problema, Paulo Portas aponta algo que considera "infeliz". "A Igreja tem de perceber uma coisa: há uma responsabilidade pelo encobrimento que a Igreja tem de assumir. E isso não foi nítido", afirmou.
O comentador remete para o vade-mécum do Papa Francisco sobre o assunto, que diz que há medidas cautelares que podem implicar o afastamento ou a proibição do exercício de funções, sem que seja necessário esperar pelo fim da investigação.
"Esperaria mais da CEP, e acho que vamos chegar, passo a passo, ao vade-mécum", acrescentou.
Apresentando as contas relativas à maioria dos 100 padres que estão na lista da comissão, Paulo Portas olhou para aquilo que tem sido a posição das dioceses de Coimbra, Lisboa e Porto, que se recusaram, para já, a afastar quaisquer padres. "Teria esperança em ter notícias das dioceses de Porto, Lisboa e Coimbra", disse.
"A Igreja tem de dar sinais de pedir perdão pelo passado, mas garantir que o futuro é diferente", concluiu.