ANTF: jogos todos os dias podem originar «situações perigosas»

20 mai 2020, 14:42
Genérica

Associação de Treinadores preocupada por haver «muitos jogos em que se conhecem os resultados anteriores»

A Liga anunciou que os 90 jogos que faltam disputar da I Liga serão jogados «quase» todos os dias e o presidente da Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF), José Pereira, considera que a dispersão de jogos da I Liga ao longo da semana pode originar «situações perigosas», mas é «uma necessidade» dos clubes e das televisões.

José Pereira mostrou-se preocupado por haver «muitos jogos em que se conhecem os resultados anteriores», o que pode «alterar comportamentos numa fase em que se caminha para o final do campeonato», mas assumiu que os treinadores, neste momento, não podem esperar «boas medidas».

«Naturalmente, não é benéfico, mas compreendemos. É uma necessidade que os clubes têm para terminar o campeonato e ir buscar as verbas das televisões e também deve ter a ver com a utilização dos estádios. Assumindo que nem todos estão preparados para receber jogos, é natural que alguns tenham de ser repetidos e, portanto, há essa necessidade também», analisou o líder da ANTF em declarações à agência Lusa.

Mas apesar de as equipas poderem responder de «forma diferente em termos físicos» à realização de vários jogos com um intervalo de apenas três ou quatro dias, a decisão não vai provocar «grandes alterações estratégicas», no entender de José Pereira.

«As equipas hoje têm um manancial de informação e observação in loco que não vejo que sejam prejudicadas por causa disso. Estamos na ponta final, os jogadores são os mesmos e quase todas treinaram nos mesmos moldes, como acontece no princípio da época, apesar de aí poderem fazer jogos particulares», advertiu.

Quanto à possibilidade de virem a ser autorizadas cinco substituições, em vez de três, nas jornadas que faltam disputar, José Pereira lembrou que essa é «uma ideia que os treinadores discutem há muito tempo» e à qual se mostrou favorável «desde que não sirva para queimar tempo».

«Se será bom ou mau, é discutível. As substituições são como os melões, só depois de abrir é que se conhece o fruto. Às vezes fazemos uma substituição e não resulta, outras resultam significativamente. É verdade que [com cinco substituições] metade da equipa pode ser trocada ao intervalo, mas, se é positivo ou negativo, depende de como cada um utiliza essa ferramenta», frisou.

Por fim, o líder da ANTF admitiu que ocorram menos chicotadas psicológicas na reta final do campeonato, dada a situação atípica que se vive atualmente e defendeu que os clubes «têm de ter juízo» para dar estabilidade às suas equipas.

«Atrever-me-ia a dizer que isso seria uma burrice. Não há assim tantas equipas a lutar por um lugar na tabela. Algumas lutam pela despromoção, duas pelo título e umas três ou quatro pelas competições europeias», justificou.

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