Atores americanos preparam-se para fazer greve, juntando-se aos argumentistas: Hollywood pode parar?

CNN Portugal , MJC
11 jul 2023, 23:44
Margot Robbie no filme "Barbie" (DR)

Atores pedem melhores salários, mais direitos de autor e limitações claras ao recurso a imagens geradas por inteligência artificial. O prazo para as negociações termina à meia-noite de quarta-feira

Os atores poderão em breve juntar-se aos argumentistas de Hollywood nos piquetes de greve, se os grandes estúdios não conseguirem chegar a um acordo até à meia-noite de quarta-feira, sobre uma melhoria das condições de trabalho e dos salários, que consideram estarem desajustados face à inflação.

Na mesa da discussão estão as mesmas questões que têm motivado os argumentistas, em greve há dois meses: salários mais altos, aumento dos pagamentos de direitos de voz e imagem e limites claros ao recurso a imagens geradas por inteligência artificial.

A última vez que os atores estiveram em greve foi em 2000. Se os atores entrarem em greve, será a primeira vez em 63 anos que atores e argumentistas lutam ao mesmo tempo por melhores condições laborais.

Neste momento, Hollywood já está 80% paralisada desde que os argumentistas entraram em greve em 2 de maio. Ainda que alguns programas de televisão e filmes continuassem a ser filmados, os argumentistas foram surpreendentemente eficazes forçando a suspensão da produção de muitos programas. Se os atores se juntarem a eles na greve, as produções serão completamente suspensas, uma realidade que terá um efeito significativo nas economias locais em Los Angeles e noutros locais de filmagem, como Atlanta e Nova Iorque. Durante a última greve dos argumentistas, há 15 anos, a economia de Los Angeles perdeu cerca de 2,1 mil milhões de dólares.

Os efeitos serão também sentidos pelos espectadores, com algumas estações a apostarem em reposições e reality shows, uma vez que terão muito pouca ficção para apresentar.

Os membros do Sindicato dos Atores (Screen Actors Guild ou SAG) autorizaram a greve no início de junho, com 97,9% dos membros a votarem sim à paralisação. Então, em 24 de junho, Fran Drescher, presidente da SAG-AFTRA, e Duncan Crabtree-Ireland, diretor executivo nacional do sindicato, informaram os membros que “permaneciam otimistas” sobre as negociações com a Alliance of Motion Picture and Television Producers, a associação comercial que representa os estúdios da Netflix, Amazon, Apple, Disney, Warner Bros. Discovery, NBC Universal, Paramount e Sony. Mas os atores não ficaram satisfeitos. Um grupo de mais de mil atores, incluindo estrelas como Jennifer Lawrence, Glenn Close e Meryl Streep, assinaram uma carta que exortava a liderança do sindicato a não se contentar com um acordo menor. “Estamos preparados para lutar”, dizia a carta.

No dia 30 de junho, o sindicato anunciou que havia prorrogado o prazo até quarta-feira enquanto as partes continuavam a negociar: "para esgotar todas as oportunidades de alcançar um contrato justo, que todos exigimos e merecemos". "Ninguém deve confundir esta extensão com fraqueza", disse o sindicato.

Depois das negociações durante todo o fim de semana, não ficou claro se se está mais perto de uma solução. Se não chegarem a um acordo até a meia-noite (horário do Pacífico) de quarta-feira, cerca de 160 mil membros do SAG-AFTRA estarão prontos para se juntar aos 11 mil  argumentistas que já estão em greve.

Como funcionará a possível paralisação de Hollywood?

A coordenação do sindicato decidiu que os atores não poderão representar nem promover nenhum título, seja um filme ou uma série, não podem participar em conferências de imprensa, ante-estreias, tapetes vermelhos e divulgações em eventos como a San Diego Comic-Con ou mesmo promover os seus trabalhos nas redes sociais.

Mas os profissionais poderão participar em convenções desde que não participem em painéis que promovam títulos recém lançados ou trabalhos futuros. Isso quer dizer que um ator pode participar num painel sobre um tema geral como diversidade e história, mas não pode subir ao palco para falar de um filme.

Os estúdios de Hollywood já realizaram reuniões sobre vários filmes que serão lançados em julho e agosto, como “Barbie”, da Warner Bro., e “Gran Turismo”, da Sony Pictures, para decidir como poderão tratar estes casos.

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