Uma inglesa e um francês conheceram-se no Eurostar. E isto foi o que aconteceu a seguir

CNN , Francesca Street
13 abr, 16:00
Saphia, do Reino Unido, e Sylvain, de França, conheceram-se no comboio Eurostar que fazia a ligação entre Londres e Paris em 2012 e apaixonaram-se. Ilustração de Alberto Mier/CNN/Saphia e Sylvain/Getty Images

Se o puder evitar, Saphia nunca viaja de avião.

Saphia investiga a crise climática para ganhar a vida - em parte é por isso, embora não totalmente. Ela também detesta andar de avião.

"O meu trabalho exige que eu tenha uma posição ética em relação às viagens de avião", diz Saphia à CNN Travel. "Mas nunca gostei de o fazer."

Por isso, quando em março de 2012, com 26 anos, a londrina Saphia decidiu ir a Valência, em Espanha, para assistir a um festival de música com um amigo, planeou imediatamente a viagem de comboio.

Em primeiro lugar, Saphia reservou um lugar no Eurostar, o comboio de alta velocidade que liga o Reino Unido à Europa continental através de um túnel que passa por baixo do Canal da Mancha. A partir daí, Saphia viajaria de comboio através de França, em direção ao seu destino em Espanha.

Numa quinta-feira quente de primavera, Saphia terminou o seu trabalho e dirigiu-se à opulenta estação de St. Pancras, em Londres, para apanhar o Eurostar. Localizou a sua carruagem e foi uma das primeiras a embarcar no elegante comboio azul, levando a sua mochila para o compartimento superior e sentando-se depois confortavelmente.

"Era um comboio completamente cheio", recorda Saphia. "No Eurostar, há sempre lugares reservados onde nos temos de sentar e lembro-me de olhar pela janela para as outras pessoas que estavam a embarcar."

No meio da multidão, houve um passageiro em particular que lhe chamou a atenção. Um rapaz, também com uma mochila às costas, que aparentava ter uma idade semelhante à de Saphia.

"É giro", pensou Saphia. E então esse estranho entrou no comboio, na carruagem de Saphia e sentou-se no lugar ao lado dela.

Saphia não conseguia acreditar. Manteve a compostura, sorrindo para o rapaz. Ele sorriu-lhe de volta.

O companheiro de lugar de Saphia no Eurostar era um francês de 20 e poucos anos chamado Sylvain [Saphia e Sylvain pediram que os seus apelidos não fossem incluídos neste artigo, por razões de privacidade]. Sylvain tinha estado a trabalhar em Londres durante o último ano, mas naquela quinta-feira à noite Sylvain estava a regressar a França para celebrar a conclusão do seu mestrado - e possivelmente para sempre.

"Era basicamente um ano depois do último dia da universidade", conta Sylvain à CNN Travel. "O meu contrato no Reino Unido, em Londres, estava a chegar ao fim. Nessa altura, estava à procura de uma nova oportunidade para trabalhar noutro lugar. A ideia de voltar para França estava a começar a surgir na minha cabeça."

Sylvain repara em Saphia assim que se senta ao seu lado. Queria iniciar uma conversa, mas não sabia como fazê-lo. Já achava estranho falar com mulheres no seu francês nativo. Em inglês, sentia-se ainda menos confiante.

Enquanto o comboio entrava e saía dos túneis, afastando-se de Londres em direção à costa, Saphia não parava de olhar para Sylvain.

"Durante a primeira meia hora, olhei para os lados, tentando chamar a atenção dele", recorda.

Depois, passado algum tempo da viagem, Sylvain decidiu ir buscar uma bebida ao bar. Quando se levantou, Sylvain apresentou-se e perguntou a Saphia se ela também queria tomar uma bebida.

Saphia sorriu, concordou, e os dois caminharam juntos pelo comboio, em direção à carruagem do café. Uma vez lá, Sylvain optou por uma cerveja, enquanto Saphia pediu uma chávena de chá - o que Sylvain brincou que era "tão britânico". Depois sentaram-se na carruagem restaurante, em frente um do outro.

"Tomámos uma bebida e conversámos", conta Saphia. "Falámos sobre os Jogos Olímpicos, que se realizariam em Londres no final desse ano. E falámos das nossas vidas."

Uma ligação de comboio

Saphia e Sylvain conheceram-se a bordo do comboio Eurostar que faz a ligação entre Londres e Paris. Gareth Fuller/PA Images/Getty Images

Enquanto Sylvain bebia a sua cerveja e Saphia o seu chá, os dois falaram sobre Londres e sobre a agitação e o entusiasmo que se fazia sentir na preparação para os Jogos Olímpicos de verão de 2012. Começaram a brincar sobre quais seriam os seus respetivos desportos olímpicos.

Saphia explicou que tinha crescido em Hull, uma cidade portuária no norte de Inglaterra, enquanto Sylvain falou da sua infância numa aldeia da região de Nièvre, na Borgonha, em França, conhecida pelo seu excelente vinho.

De imediato, houve uma ligação palpável entre Saphia e Sylvain. Ambos sentiram-na. A certa altura, Saphia enviou uma mensagem de texto rápida à irmã: "Conheci um francês jeitoso no comboio. Vamos ver o que acontece".

Enquanto o comboio atravessava a zona rural inglesa e entrava na escuridão do túnel do Canal da Mancha, Saphia e Sylvain começaram a falar sobre a sua paixão comum por viajar - Sylvain tinha regressado recentemente de uma estadia no Vietname, Saphia planeava viajar pela Europa durante algumas semanas após o festival.

A conversa entre Saphia e Sylvain era fácil, divertida, excitante. Quando surgia uma barreira linguística ou um mal-entendido ocasional, geralmente riam-se. A certa altura, Saphia mencionou um interesse pela arte e, em resposta, Sylvain tentou parecer conhecedor e adequadamente artístico, mas estava perfeitamente consciente de que não sabia realmente do que estava a falar.

"Estava a tentar envolver-me na nossa conversa, que estava muito fora da minha zona de conforto", diz.

Durante grande parte da viagem de comboio de duas horas e meia, Saphia partiu do princípio de que Sylvain vivia em França e só quando o comboio estava quase em Paris é que os dois estranhos se aperceberam de que, na verdade, viviam muito perto um do outro, no mesmo bairro do norte de Londres.

"Éramos praticamente vizinhos", sublinha Saphia. "Tivemos uma longa conversa, pensando que nunca mais nos íamos ver porque vivíamos em países diferentes, mas na verdade vivíamos ao virar da esquina."

Quando o Eurostar parou na Gare du Nord, em Paris, Sylvain e Saphia regressaram aos seus lugares, pegaram nas malas e desembarcaram juntos do comboio. Ficaram na plataforma e Sylvain perguntou a Saphia se ela queria ir ter com ele a um bar de vinhos ali perto, onde ele se ia encontrar com os amigos da faculdade.

Saphia recusou, explicando que tinha um bilhete reservado para um comboio noturno. Parte dela queria abandonar o comboio reservado e sair para a noite com o homem do Eurostar - mas embora não tenha cedido a esse impulso, Saphia disse a Sylvain que gostaria de o voltar a ver.

Saphia gostou do facto de Sylvain parecer "bastante extrovertido, aventureiro, sociável".

Sylvain diz que também ficou impressionado com o lado "aventureiro" de Saphia.

"Estar sozinho, a viajar de mochila às costas com uns amigos pela Europa, era fixe. É muito difícil captar a personalidade de alguém apenas numa viagem curta como essa, mas eu queria voltar a vê-la. Nós demo-nos muito bem. É óbvio que estava a acontecer alguma coisa."

Os dois despediram-se ("Acho que demos um beijo nas duas faces à maneira francesa", recorda Saphia) e prometeram procurar-se nas redes sociais.

"Dei-lhe o meu nome completo para ele poder encontrar-me no Facebook", lembra Saphia.

Depois, caminharam em direções opostas pela movimentada estação parisiense. E enquanto Saphia se dirigia para o metro de Paris, deu por si a pensar: "Esta é uma história tão romântica que tem de resultar."

Mais tarde, sentada no seu lugar no comboio noturno de Paris, Saphia não dormiu. Em vez disso, ficou a olhar pela janela, revivendo na sua cabeça o encontro com Sylvain.

Lembrou-se de Sylvain a falar da sua pitoresca cidade natal e apercebeu-se de que o comboio passava pela Borgonha.

"Passei a noite a olhar para fora, sempre que parávamos numa estação, para ver se parávamos lá, a noite toda."

Quando o comboio parou na pequena aldeia de Nièvre, Saphia sentiu um sorriso espalhar-se pelo seu rosto. Gostava de poder enviar uma mensagem a Sylvain e contar-lhe.

Entretanto, Sylvain também estava a aproveitar o brilho da inesperada ligação de comboio, mas estava convencido de que Saphia iria conhecer outra pessoa nas suas viagens, ou em Londres, antes de terem a oportunidade de se reencontrarem.

"É óbvio que ela é brilhante, atraente e alegre", observa.

No bar de vinhos com os amigos da faculdade, Sylvain disse que tinha conhecido uma rapariga fantástica no Eurostar. Os amigos de Sylvain passaram a noite a gozar com Sylvain sobre a ideia de que esta "história de Hollywood" poderia ter algum futuro.

Mas apesar das suas brincadeiras e das suas próprias dúvidas, Sylvain ainda tinha uma réstia de esperança.

"Eu queria acreditar na história", diz. "Pensei que havia uma hipótese em 100 de resultar."

Para trás e para a frente no Canal da Mancha

Sylvain e Saphia mantiveram-se em contacto após o primeiro encontro no Eurostar. Saphia e Sylvain

Apesar de estarmos em 2012 e de os smartphones se estarem a tornar comuns, Saphia manteve-se fiel ao que descreve como um "telemóvel Nokia". A única forma de se ligar à Internet durante as suas viagens era através de computadores antigos, nos quartos das traseiras dos albergues.

Depois do festival de música, durante uma escala em Barcelona, Saphia conseguiu ligar-se ao Facebook através de um desses computadores. Ela recebeu uma notificação - um pedido de amizade e uma mensagem amigável de Sylvain. Ele tinha-a enviado duas semanas antes, logo após se terem conhecido.

Saphia digitou uma resposta, explicando que não tinha acesso à Internet, mas prometendo enviar uma mensagem a Sylvain quando voltasse a Londres.

Algumas semanas mais tarde, quando Saphia estava de volta a casa, ela e Sylvain voltaram a estabelecer contacto. Desta vez, trocaram números de telefone e combinaram um primeiro encontro oficial, num restaurante da Upper Street, uma rua repleta de bares e restaurantes no bairro londrino de Islington.

A sua relação fácil no Eurostar regressou e ambos estavam entusiasmados por se voltarem a ver.

"Estávamos ambos nervosos no início, mas demo-nos logo bem", recorda Saphia.

No segundo encontro, Saphia e Sylvain foram a Stratford, a leste da capital do Reino Unido, para ver o estádio olímpico de Londres que estava a ser construído, o que Saphia considera "muito emocionante".

Sylvain e Saphia começaram a encontrar-se regularmente, a desfrutar de refeições fora e de longos serões a conversar sobre as suas vidas. Foi emocionante, mas durante todo este período, Sylvain não tinha a certeza se iria ficar em Londres ou acabar por se mudar para Paris. Conhecer Saphia era mais uma razão para ficar no Reino Unido, mas Sylvain sabia que o destino podia não permitir que isso acontecesse - ele tinha de ir para onde havia trabalho e estava a fazer entrevistas de emprego em ambos os países.

Sylvain explicou a situação a Saphia, e os dois decidiram levar as coisas com calma, ambos conscientes de que a mudança de Sylvain para França poderia significar o fim da sua ligação.

Mas quando, em setembro de 2012, Sylvain arranjou um emprego em Paris e se mudou para lá, ele e Saphia decidiram comprometer-se com a longa distância.

"Não queríamos seguir caminhos separados", explica Sylvain.

E assim começou o que Sylvain chama "a segunda parte da história, em que o Eurostar se tornou um ponto central da relação".

Os dois viajavam regularmente de comboio através do Canal da Mancha para se visitarem um ao outro.

"Viajávamos de um lado para o outro, todas as semanas, de duas em duas semanas, à vez", diz Saphia.

Este estado de coisas durou dois anos. Por vezes, era romântico, até glamoroso, apanhar o comboio onde se tinham conhecido e voltar a encontrarem-se em St. Pancras ou na Gare du Nord.

Mas, na maior parte do tempo, era simplesmente difícil estarem separados. E todas essas viagens eram "caras e cansativas", como relembra Saphia.

"Pode imaginar que uma viagem de longa distância durante dois anos é um peso para um casal", aponta Sylvain.

Finalmente, após dois anos de despedidas nas estações de comboio, Sylvain conseguiu um emprego em Londres.

"Foi realmente um grande alívio", assume.

Na noite em que soube que o emprego era seu, Sylvain saiu para festejar com os seus amigos em Paris.

Durante uma bebida, disse-lhes que tencionava pedir Saphia em casamento. Já o queria fazer há algum tempo, mas a confirmação de que iam finalmente estar no mesmo país fez com que Sylvain tivesse a certeza de que aquele era o momento certo.

Uma proposta em St. Pancras

Sylvain pediu Saphia em casamento junto a esta escultura de Paul Day, situada na estação de St. Pancras, em Londres. Peter Cripps/Alamy Stock Photo

Quando Sylvain começou a pensar no pedido de casamento, surgiu-lhe um plano quase completamente formado - era óbvio como a noite se deveria desenrolar.

Assim, uma noite, depois do trabalho, enquanto Saphia preparava o jantar no seu apartamento no norte de Londres, Sylvain entrou entusiasmado pela porta e sugeriu que saíssem à noite.

"Estava a meio da confeção de esparguete à bolonhesa quando o Sylvain disse: 'Vamos sair para beber um copo'", recorda Saphia. "Eu disse: 'Não, porque estou a cozinhar'."

Sylvain insistiu - não só que deviam sair, mas que deviam ir para o centro de Londres, em vez de descerem a rua até ao pub local.

"Foi tudo muito estranho e eu fiquei um pouco aborrecida porque não tencionava sair nessa noite", recorda Saphia.

Sylvain e Saphia acabaram por chegar à estação de St. Pancras, no segundo andar, perto de onde partem e chegam os comboios Eurostar. Caminharam em direção à imponente e romântica estátua de bronze de um casal que se abraça, oficialmente chamada "O Ponto de Encontro", mas frequentemente conhecida como "Os Amantes".

"Foi aí que ele se ajoelhou", diz Saphia, "ao lado da grande estátua".

Foi, ri-se Saphia, "um pouco piroso".

"Mas foi basicamente onde nos conhecemos - onde os comboios Eurostar se alinham todos na plataforma. Foi apropriado."

Para Sylvain, St Pancras e a famosa estátua eram "o sítio natural" para o pedido de casamento.

Depois de Saphia ter dito "sim", ela e Sylvain foram ao então recém-inaugurado arranha-céus londrino The Shard para tomar umas bebidas comemorativas com vista para o horizonte cintilante da cidade. Depois, o casal regressou a St. Pancras para passar uma noite no histórico Renaissance Hotel, de tijolo vermelho, que fica ao lado da estação.

Sylvain e Saphia riram-se enquanto subiam a correr as escadas do hotel, onde as Spice Girls filmaram o vídeo musical de "Wannabe". No dia seguinte, de manhã, comeram aquilo a que Saphia chama "o melhor pequeno-almoço inglês completo" que alguma vez comeu.

Sylvain diz que viu o noivado como uma "realização" após o período de longa distância, por vezes cansativo.

"Estávamos prontos para começar a viver a nossa vida como um jovem casal em Londres", acrescenta.

Celebrações do casamento

Saphia e Sylvain tiveram duas celebrações de casamento no verão de 2016. A primeira teve lugar em Hull, no norte de Inglaterra, onde Saphia cresceu.

"A conservatória do registo civil fica na biblioteca, mas na sala de história francesa da biblioteca", indica Saphia.

Esta ligação francesa pareceu apropriada - embora se tenha revelado um pouco estranha quando, no dia do casamento, a biblioteca estava a acolher uma exposição sobre a Batalha de Waterloo.

"Convidámos todos os franceses e eles sentaram-se numa sala com todas as recordações de como os ingleses derrotaram os franceses em Waterloo", conta Saphia, rindo.

Algumas semanas mais tarde, Saphia e Sylvain continuaram as celebrações na cidade natal de Sylvain, na Borgonha. Deram "uma festa enorme num grande celeiro no campo", recorda Saphia.

"Na verdade, vieram pessoas de todo o mundo, de todo o lado, para festejar connosco", diz ela. "No final, foram três dias de festa."

Era um fim de semana quente de verão, por isso os convidados do casamento ficaram fora toda a noite "a dançar no campo e a festejar lá fora".

"Toda a gente se divertiu imenso", lembra Sylvain.

O local no campo era "realmente mágico", acrescenta Saphia. Não havia poluição luminosa, apenas extensões de campos ondulados, iluminados pela luz das estrelas.

"À noite, podemos ver a Via Láctea no céu", diz Saphia. "É muito bonito, um ambiente muito bonito."

O casal passou a lua de mel em Veneza e depois passou os anos seguintes a abraçar o seu amor partilhado pelas viagens através de escapadelas pelas cidades europeias, bem como a aproveitar ao máximo a vida em Londres.

Saphia e Sylvain juntos no Eurostar. Saphia e Sylvain

Nem tudo foi fácil. Em 2016 - na altura em que Sylvain e Saphia se casaram - o Reino Unido votou a favor do Brexit, decidindo abandonar a União Europeia.

Sendo um casal franco-inglês que se orgulhava da sua identidade europeia e que tinha aproveitado ao máximo a liberdade de circulação da UE, a votação do Brexit "provocou realmente ondas de choque", como diz Saphia.

O casal questionou-se sobre a possibilidade de ficar no Reino Unido. Entretanto, Sylvain pediu a nacionalidade britânica e Saphia obteve a nacionalidade francesa.

No final, os empregos do casal - e o seu círculo de amigos internacionais com ideias semelhantes - mantiveram Saphia e Sylvain no Reino Unido.

Em 2019, deram as boas-vindas ao primeiro filho. E depois de passarem o primeiro confinamento no Reino Unido num pequeno apartamento em Londres com um bebé, o casal mudou-se para Hull, a cidade natal de Saphia, onde ainda hoje vivem.

No final do ano passado, Saphia e Sylvain deram as boas-vindas a um segundo filho. Os seus filhos têm dupla nacionalidade e o mais velho, que tem agora cinco anos, fala fluentemente inglês e francês.

"É bom vê-lo a passar de um para o outro. E agora que temos um bebé de quatro meses, ele está a ensinar o irmão mais novo a falar", conta Saphia.

Viajar juntos

Saphia e Sylvain na sua lua de mel em Veneza, Itália. O casal continua a adorar viajar juntos. Saphia e Sylvain

Para Saphia e Sylvain, viajar continua a ser uma paixão partilhada - estão ansiosos por viajar mais com os seus filhos no futuro.

Sylvain diz que ambos gostam de "descobrir novos países, novas culturas, novas regiões", embora "ambos tenham formas diferentes de descobrir os mesmos países".

"Tu gostas das praias, das festas e das pessoas", diz Saphia a Sylvain. "Eu gosto da vida na cidade, da cultura e da arquitetura."

Além disso, enquanto Sylvain viaja de avião, Saphia continua empenhada em viajar de comboio sempre que possível. Nos últimos 12 anos, ela já viajou de avião com Sylvain, mas brinca que a mão dele nunca recuperou do facto de ela a apertar com tanta força durante a descolagem e a aterragem.

Embora Saphia e Sylvain já não tenham a estação de St. Pancras à sua porta, o casal ainda passa muito tempo a viajar para França de comboio.

"Sempre que voltamos para ver a família do Sylvain, viajamos no Eurostar, levamos os nossos filhos e é uma boa recordação", diz Saphia.

Por vezes, quando embarcam num comboio movimentado com destino a Paris com a sua jovem família, o casal dá por si a pensar que o seu encontro no Eurostar "foi absolutamente aleatório".

Podiam ter viajado em dias diferentes, em comboios diferentes, em carruagens diferentes - ou simplesmente não ter estado sentados ao lado um do outro.

"Quando pensamos nisso, parece uma hipótese em mil milhões", diz Sylvain.

Saphia continua a pensar que foi "muito romântico" encontrarem-se dessa forma. Também gosta do simbolismo, "a ligação francesa e inglesa - a Entente Cordiale entre os dois países, foi assim que o túnel foi construído. É um belo símbolo".

Sylvain também aprecia o romance, mas diz que quando olha para trás, para os 12 anos que passaram juntos, o que mais o orgulha é a sua perseverança.

"Claro que a forma como nos conhecemos foi incrível. Mas o que mais me impressiona, penso eu, foram os primeiros dois anos da nossa relação, quando estávamos à distância - nós queríamos mesmo fazer com que as coisas acontecessem."

Saphia também se ri sempre que se lembra da mensagem que enviou à irmã. E que o seu eu mais novo provavelmente não ficaria surpreendido por o "francês jeitoso" que conheceu no comboio se ter tornado o amor da sua vida.

"Acho que se tivesse voltado atrás e me tivesse dito na altura: 'Esta é a pessoa com quem vais casar' - acho que teria dito: 'OK, estou disposta a isso'", assume Saphia.

"Eu estava num estado de espírito aventureiro. Tudo parecia possível. E acho que, desde o início, tive um pressentimento de que tudo se iria resolver de alguma forma."

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